Se não votei não foi por ter preferido ir à praia, nem porque estava a chover muito, nem por ter tido preguiça de sair da cama.
Se não votei foi porque sou fundamentalmente contra a democracia representativa, porque as eleições são uma palhaçada e eu, aquele a quem pretendem fazer de palhaço, quando me convocam de tempos a tempos para passar um cheque em branco aos que desgovernam a vida colectiva das nações.
Querem que eu vá exercer o que chamam de "dever cívico" para poderem chamar democracia a um sistema onde eu, os meus direitos, as minhas necessidades e as minhas opiniões são ignorados e espezinhados para dar lugar às negociatas e interesses económicos dos amigos do partido e das corporações internacionais.
Montam periodicamente um circo espalhafatoso, pago com o meu trabalho, onde dois partidos, de retóricas ligeiramente variadas nas promessas eleitorais mas que em nada são diferentes quando se apanham no poder, pretendem dar-me a ilusão de pluralidade e direito de escolha.
Pois não faço parte desse circo, que mais não faz que renovar ciclicamente a legalização da desgovernação sem qualquer plano organizado, senão o de encher os bolsos às minorias de sempre, perpetuando a abjecta injustiça social que caracteriza o capitalismo."
(anónima abstencionista, séc. XXI)
Depois de um primeiro encontro em Coimbra no dia 27 de Setembro, que correu muito bem e donde saíram propostos mais dois encontros simultâneos, um no Porto e outro em Lisboa, a CasaViva abre as portas à abstenção fundamentada no dia 18 de Outubro, das 11h00 às 18h00(*).
Vamos montar um circo diferente. Se não te agrada comeres e calares ao seres acusado de irresponsável e associal por não votares, aparece e traz o teu humor mais corrosivo. Vamos lançar holofotes sobre os verdadeiros palhaços.
(*) A casa oferece almoço, confirma presença para casaviva167@gmail.com.
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