Centenas de pessoas marcharam no passado domingo em Lisboa para protestar contra a Europa Fortaleza, a xenofobia e a política do bode expiatório. Por Plataforma Gueto
Três da tarde e já várias dezenas de pessoas se concentravam na Praça do Martim Moniz sob o olhar atento do dispositivo policial.
Ao megafone ensaiavam-se palavras de ordem, nas faixas e cartazes coloridos podiam ler-se as reivindicações daquel@s que, à semelhança do que aconteceu em outras cidades europeias, não quiseram deixar de sair à rua para reclamar os seus direitos.
“A sul roubado, a norte fechado” expressa a indignação face às políticas cada vez mais repressivas que criminalizam a imigração, alimentam a migração clandestina e o tráfico humano.
“Desconto mas não tenho direitos”, “Para ter trabalho preciso ter documentos, para ter documentos preciso ter trabalho”, “Não sou mercadoria”, “Empregada doméstica interna, 24 horas por dia, 6 dias por semana”, são alguns dos desabafos ilustrativos da vulnerabilidade em que se encontram uns largos milhares de pessoas desprovidas de direitos e descartáveis perante a criminosa exploração laboral. A impossibilidade de conseguir um contrato de trabalho sem documentos válidos, que por sua vez também não permite a obtenção de residência é um dos principais problemas que atira a comunidade imigrante em situação irregular para um beco sem saída.
Os manifestantes reivindicaram ainda o direito ao reagrupamento familiar, o fim da discriminação em relação aos cidadãos portugueses no valor que pagam em taxas para adquirir ou renovar documentos e o facto de serem usados como bodes expiatórios para os problemas gerais da sociedade.
O protesto foi convocado por mais de 30 organizações de imigrantes, direitos humanos, anti-racistas, culturais, religiosas e sindicais, comprometidas com a luta pelos direitos dos e das imigrantes.
A marcha terminou no Largo do Camões, onde os manifestantes chegaram às centenas …
Apesar da forte presença de imigrantes, ainda sentimos a falta de uma maior solidarização e presença dos jovens descendentes e duma franja de imigrantes que, já estando “legalizados”, sentem que esta luta não é sua ou que diz respeito apenas àqueles que continuam sem nenhuns papéis ou que não nasceram cá. É necessário entenderem que estas mesmas políticas impactam directamente neles e nelas através, por exemplo, do reagrupamento familiar cada vez mais dificultado, das fortunas que têm que pagar em cada renovação ou na constante criminalização e repressão dos imigrantes e seus descendentes.
Com o agravamento da crise nossa situação irá agravar-se ainda mais com uma intensificação da repressão, o agravamento da situação económica e da xenofobia que ganha sempre mais força nestes períodos.
É preciso intensificar também as lutas e articula.
passapalavra.info
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