terça-feira, 28 de abril de 2009
Solidariedade desde Roterdão
Na manhã de dia 22, à hora convocada para a concentração no tribunal deOeiras, um grupo de imigrantes Portugueses na Holanda deslocou-se aoConsulado Português de Roterdão para assinalar a data e enviar um texto desolidariedade para com os 25 arguidos no processo a decorrer relativo ao"Motim de Caxias".Seguindo as sessões e jantares de solidariedade que se têm realizado, umgrupo de pessoas elaborou um texto exprimindo o sentimento de indignaçãoperante este julgamento, como exemplo das coisas que se vão passando porPortugal.Após conversa com os funcionários e responsáveis dos assuntos consulares,foi decidido que o fax seguiria no próprio momento para o Tribunal deOeiras, após identificação de duas das pessoas que se deslocaram aoconsulado, enquanto nos foi dito que não era possível comunicação directaentre o consulado e os meios de comunicação. Assim, após assinalado o acto(o fax seguiu com um cabeçalho elaborado pelos funcionários) foi enviado omesmo comunicado para agencia Lusa desde um edificio continguo aoconsulado."Hoje dia 22 de Abril de 2009, decorre no Tribunal de Oeiras da 3ª sessãodo julgamento do chamado caso dos "25 de Caxias".Hoje, 13 anos depois dos acontecimentos, o estado português por via do seusistema judicial, propõe-se a inverter a história, esquecendo o julgamentoa que foi submetido durante o período de 1994 a 1996, e pretende culparagora 25 bodes expiatórios da situação criada pela sociedade em geral, e oestado em particular.Durante esse período viveram-se intensas agitações nas prisõesportuguesas, fruto de um legítimo e abrangente movimento de protestocontra as miseráveis e indignas condições penitenciárias, o tratamentodesumano e humilhante por parte do corpo de guardas prisionais, e acorrupção da instituição prisional em geral.À época, tudo isto era atestado pelas inúmeras denúncias, greves de fome eoutros protestos dentro das prisões, amplificado pela repercussãomediática que visibilizava diariamente para o exterior a situaçãodecadente e insustentável dos cárceres, e pelo pulsar social de umacrítica que cada vez mais abertamente questionava a existência do sistemaprisional, alguns no seu estado então, alguns de todo.Então era impossível e impensável submeter a julgamento 25 pessoas por ummotim que já se via chegar e em que os presos "apenas" podiam perder tudoaquilo que já não tinham; e os verdadeiros responsáveis pela situaçãosempre tiveram tudo a ganhar.Hoje aparentemente tudo é possível num Portugal com a boca cheia de 35anos de democracia, e com a barriga cheia de misérias. Até uma prisão emMonsanto que por razões impensáveis e intoleráveis vai ganhando a alcunhade "Guantanamo portuguesa".Que seja também hoje então o dia em que fique registado nos papéis daburocracia nacional; que um grupo de velhos e novos emigrantes portuguesesna Holanda não aceitam este julgamento; por todas as razões explicadasanteriormente e por todas aquelas que ficam por explicar. Não aceitamos obranqueamento da história, e desejamos acabar com o papel de observadoressilenciosos e passivos de este e outros acontecimentos na nossa terra.Este julgamento nunca se deveria ter iniciado e, mais que o seu fim,desejamos que essas 25 pessoas nunca mais sejam apelidadas com o nomedessa ou qualquer outra prisão.O grupo de pessoas que se concentraram noConsulado Português de Roterdão a 22 de Abril de 2009,e todas as que ficaram a trabalhar.
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