No último dia primeiro a farmacêutica egípcia Marwa al Sherbini, de 32 anos, foi assassinada durante um processo contra um agressor racista, no Tribunal Estadual de Dresden, Marwa foi ao tribunal testemunhar contra Alexander, um alemão de 28 anos, de ascendência russa. Em agosto do ano passado, ela pediu ao alemão que desse um lugar em um banco de rua para o seu filho, Mustafá, de 3 anos, e recebeu como resposta graves ofensas: “puta”, “islâmica” e “terrorista”. Ela denunciou estes fatos e 3 meses mais tarde o racista foi condenado a uma multa de 780€. O promotor do ministério público recorreu desta sentença argumentando que ela era demasiada frouxa e conseqüentemente aconteceu um novo julamento, em 1º de julho. Ali, além do réu, estavam presentes seu advogado, o juiz e o promotor do ministério público, Marwa estava acompanhada de seu filho e de seu marido, Elwi Ali Okaz, um imigrante do Egito, que vive há 4 anos em Dresden, e trabalha como professor no instituto "Max Planck". A princípio a sessão estava se desenvolvendo sem problemas, mas, de repente, quando Marwa acabava de fazer sua declaração, Alexander sacou uma faca e atacou a mulher que usava véu muçulmano, e, em poucos minutos, matou-a com dezoito facadas. Seu marido e o advogado do acusado tentaram parar o agressor sem sucesso, acabando seu esposo saindo também gravemente ferido. Dois policiais que entraram na sala em vez de ajudarem a vítima atiraram na perna do seu marido que correra em socorro da esposa, "suspeitando" que ele fosse o agressor. Marwa morreu imediatamente dentro da sala do Tribunal por causa de seus múltiplos ferimentos. Depois ficou sabido que ela estava no terceiro mês de gravidez. Seu marido foi transferido para o hospital em estado de coma. Seu filho também saiu ferido, e está sob cuidado de amigos da família. Um dia depois do assassinato o porta-voz da promotoria pública, Christian Avenarius, descreveu Alexander como um "carrasco, solteiro, fanático, extremamente racista...” Agora os responsáveis pela corte e a imprensa lamentam a falta de segurança no julgamento, e começaram a fazer controles na porta de entrada do Tribunal. A situação no estado da Saxônia, cuja capital é Dresden, é muito preocupante, devido à força que o movimento neonazista tem na região, e que se desenvolve sob a custódia do Estado alemão. Todos os anos, em fevereiro, há uma tradicional manifestação neonazista na cidade chamada "marcha fúnebre", em "homenagem" às vitimas dos bombardeios aliados de 1945 durante a Segunda Guerra Mundial, com uma participação de aproximadamente 6.000 neonazistas. Dresden é um dos grandes redutos do partido neonazista NPD, que conta com uma grande participação no parlamento regional, com oito parlamentares neonazistas. E a política conservadora e racista do governo da Saxônia há muitos anos permite o avanço dos ataques fascistas e racistas, com um alto grau de organização de grupos da extrema direita. Por isto, o assassinato de Marwa é uma das conseqüências lógicas desta política racista e xenófoba. O corpo de Marwa foi recebido no aeroporto do Cairo por uma multidão e sepultada na segunda-feira, 6 de julho, em Alexandria, no Egito. Ela já é vista por conterrâneos e por outros muçulmanos residentes na Europa como mártir. Representantes de organizações muçulmanas exigem vingança. O governo alemão não manifestou publicamente o seu repúdio ao crime. E o vice-porta voz do governo, Thomas Steg, afirmou apenas que o caso precisa ainda ser esclarecido, investigado para ver se a motivação do crime foi ou não racista.
agência de notícias anarquistas-ana
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