Governantes e PR recuperam a retórica patrioteira dos tempos da guerra colonial;
Um soldado português morreu no Afeganistão a 23 de Novembro vítima de acidente com o blindado em que viajava, com outros soldados, durante uma patrulha noturna. O ministro da Defesa, Severiano Teixeira, procurou engrandecer o acontecimento dizendo que a morte se tinha dado “ao serviço da pátria”. O mesmo fez Cavaco Silva afirmando que Sérgio Pedrosa “perdeu a vida ao serviço de Portugal”. Esta encenação em torno do “dever de servir” não ficaria completa se o primeiro ministro Sócrates não tivesse feito a visita ritual à família, a quem apresentou as condolências da praxe com ar compungido. O PR procurou ainda atenuar na opinião pública os efeitos negativos do sucedido ao fazer questão de afirmar que a morte se tinha dado “não em combate, mas num acidente rodoviário”, omitindo o facto de o grupo estar a efectuar uma patrulha. E acrescentou, adivinhando as críticas da população ao papel de Portugal nesta guerra, que os soldados portugueses no Afeganistão “prestam um serviço à causa da paz e da segurança e prestigiam o nome de Portugal”.O governo anunciou entretanto que o destacamento português no Afeganistão vai ser reduzido de 162 para 15 militares até Agosto do ano que vem. Mas esta retirada parcial - que mereceu dura reprimenda do embaixador norte-americano em Lisboa, sem que o governo português reagisse - não muda a questão política de fundo que é a colaboração prestada pelas autoridades portuguesas às agressões militares capitaneadas pelos EUA sob a capa das obrigações assumidas no âmbito da Nato. A manter-se este princípio, como até à data, o país estará condenado a servir de auxiliar das acções guerreiras ditadas pelos interesses imperialistas dos EUA, empenhando nisso dinheiro, homens e sujeição política.
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