quinta-feira, 28 de maio de 2009

Imigrantes contra a Europa da Vergonha

Centenas de pessoas marcharam no passado domingo em Lisboa para protestar contra a Europa Fortaleza, a xenofobia e a política do bode expiatório. Por Plataforma Gueto
Três da tarde e já várias dezenas de pessoas se concentravam na Praça do Martim Moniz sob o olhar atento do dispositivo policial.
Ao megafone ensaiavam-se palavras de ordem, nas faixas e cartazes coloridos podiam ler-se as reivindicações daquel@s que, à semelhança do que aconteceu em outras cidades europeias, não quiseram deixar de sair à rua para reclamar os seus direitos.
“A sul roubado, a norte fechado” expressa a indignação face às políticas cada vez mais repressivas que criminalizam a imigração, alimentam a migração clandestina e o tráfico humano.
“Desconto mas não tenho direitos”, “Para ter trabalho preciso ter documentos, para ter documentos preciso ter trabalho”, “Não sou mercadoria”, “Empregada doméstica interna, 24 horas por dia, 6 dias por semana”, são alguns dos desabafos ilustrativos da vulnerabilidade em que se encontram uns largos milhares de pessoas desprovidas de direitos e descartáveis perante a criminosa exploração laboral. A impossibilidade de conseguir um contrato de trabalho sem documentos válidos, que por sua vez também não permite a obtenção de residência é um dos principais problemas que atira a comunidade imigrante em situação irregular para um beco sem saída.
Os manifestantes reivindicaram ainda o direito ao reagrupamento familiar, o fim da discriminação em relação aos cidadãos portugueses no valor que pagam em taxas para adquirir ou renovar documentos e o facto de serem usados como bodes expiatórios para os problemas gerais da sociedade.
O protesto foi convocado por mais de 30 organizações de imigrantes, direitos humanos, anti-racistas, culturais, religiosas e sindicais, comprometidas com a luta pelos direitos dos e das imigrantes.
A marcha terminou no Largo do Camões, onde os manifestantes chegaram às centenas …
Apesar da forte presença de imigrantes, ainda sentimos a falta de uma maior solidarização e presença dos jovens descendentes e duma franja de imigrantes que, já estando “legalizados”, sentem que esta luta não é sua ou que diz respeito apenas àqueles que continuam sem nenhuns papéis ou que não nasceram cá. É necessário entenderem que estas mesmas políticas impactam directamente neles e nelas através, por exemplo, do reagrupamento familiar cada vez mais dificultado, das fortunas que têm que pagar em cada renovação ou na constante criminalização e repressão dos imigrantes e seus descendentes.
Com o agravamento da crise nossa situação irá agravar-se ainda mais com uma intensificação da repressão, o agravamento da situação económica e da xenofobia que ganha sempre mais força nestes períodos.
É preciso intensificar também as lutas e articula.

passapalavra.info

Mobilização de Verão 2009 do “Salvando a Islândia

Junte-se a nós em 18 de julho para resistir à industrialização da última grande reserva selvagem e levar a ação direta contra a indústria pesada! A Luta Até Agora A campanha para defender a última grande reserva selvagem continua. Pelos últimos quatro anos, acampamentos de ação direta na Islândia durante o verão têm tarjado indústrias de fundição de alumínio, mega-represas e fábricas de energia geotérmica. Após a terrível destruição causada em Kárahnjúkar e Hengill, é hora de destruir o “plano mestre” que queria ver todos os grandes rios glaciais represados, todos os substanciais campos geotérmicos explorados e construir indústrias de fundição de alumínio, refinarias de petróleo e fábricas de silicone, assim como aumentar significantemente as emissões de gases do efeito estufa na Islândia. A Situação Agora Apesar do otimismo após a “revolução dos talheres”, onde protestos de rua em massa e ações diretas derrubaram o governo islandês e forçou a questão da indústria pesada para entrar de volta na agenda política, a batalha está longe de acabar. A queda no preço do alumínio no mercado global e a crise econômica mundial estão mostrando seus efeitos nos projetos da indústria pesada e companhias de alumínio na Islândia, freando muitos projetos de indústrias de fundição de alumínio, mega-barragens e fábricas de energia geotérmicas, ou até mesmo eliminando completamente estes planos. A maquinaria da indústria pesada está longe de ser derrotada, mas recentes insurreições mostraram o profundo impacto que o “Salvando a Islândia” tem tido sobre o panorama popular e político. Mudanças Políticas A recente eleição foi um golpe duro ao movimento ambientalista na Islândia, com os “verdes de esquerda” expulsando o ministro do meio-ambiente por não ser um ambientalista muito genuíno. Nós estamos enfrentando um governo fortemente pró-indústria pesada, que não pretende ser nem “verde” nem remotamente de esquerda. No topo disto, companhias nacionais de energia já começaram as negociações com outros tipos de indústria no Norte, onde alguns políticos tinham uma nova fábrica. Anarquia na Islândia Anos de trabalho realizados pela campanha “Salvando a Islândia” para introduzir as idéias de ação direta e anarquia na sociedade em geral, juntamente com uma população radicalizada após a queda do governo, resultou em um movimento constantemente crescente de ativistas radicais e anarquistas na Islândia. Durante os últimos meses, okupas por duas vezes levantaram um centro social e o defenderam do desalojo, o ativismo sem fronteiras está ficando cada vez mais forte, o Comidas Sim Bombas Não sai às ruas todas as semanas e ações como os quatro “ataques skyr” (onde iogurte verde é atirado sobre exposições, computadores) em dois meses colocaram na mira políticos e assassinos da natureza. Neste verão, o apoio mútuo entre a comunidade radical islandesa e o “Salvando a Islândia” promete uma mobilização bastante excitante e repleta de ações! Alvos deste Verão A fábrica de fundição de alumínio Helguvík, tarjada pelo “Salvando a Islândia” no verão passado com uma ação que parou a construção por um dia inteiro após 40 ativistas invadirem o lugar, ainda está sendo construída. As necessidades elétricas da fábrica sugerem mais oito novas usinas de geração de energia, onde ao menos sete delas serão geotérmicas da Península de Reykjanes, que a secará, e Hellisheiði - também tarjada pelo “Salvando a Islândia” no verão passado que viu uma escavação sendo parada, fazendo perder milhares de libras. Uma das usinas geotérmicas que abastecerá a fundidora Century poderá ser em Bitra, próxima a Hengill, onde uma campanha local no último inverno parou a construção. A oitava usina provavelmente será uma mega-represa no maravilhoso Rio Þjórsá. Se em algum momento houve um local de construção e “zonas testes de escavação” destruindo os frágeis e únicos ecossistemas, e vulneráveis à ação direta, este verão eles estão na Península Reykjanes, no sudoeste islandês. Participe! Venha para a Islândia no dia 18 de julho e se junte a nós para um verão de resistência e ação direta. Confira o www.savingceland.org para atualizações regulares e informações para se juntar a nós, ou nos envie um e-mail savingiceland@riseup.net para que a gente possa saber quando você estará chegando. Apóie nossa luta com doações, traduções, ações de solidariedade e espalhando a mensagem. Salvando a Islândia! E-mail: savingiceland [at] riseup.net Página da internet: www.savingiceland.org Tradução > Marcelo Yokoi

terça-feira, 26 de maio de 2009

[Grécia] Assassino de Alexis pede para sair sob fiança

Ontem (24 de Maio) as agências noticiosas do estado estavam a dar a notícia de que A. Kougias, advogado polícia assassino Korkoneas e do seu cumplíce, pediu para ambos serem libertados sob fiança. Kougias pediu que isto fosse analisado num praso de 10 dias.Recorde-se que este advogado disse que a morte de Alexis foi "vontade de deus" e que "cabe à jsutiça grega decidir se a morte do jovem foi justa ou não."Korkoneas não mostra remorsos e afirma que "Alexis tinha um caracter desviante".

Federação de Estudantes Libertárixs

Panfleto de apresentação em PDF:http://www.fel-web.org/portugal/panfleto-presenta%C3%A7%C3%A3o.pdfSite:http://www.fel-web.orgA FEL é composta por pessoas que estão organizadas em grupos duma forma livre e estes têm um funcionamento autónomo. Nestes grupos, as decisões são tomadas na assembleia, que é o mais alto órgão decisório de cada grupo. Tanto nos diferentes grupos como a nível federal, as decisões são tomadas por consenso. Deste modo, asseguramos que todas as opiniões e posições são apreciadas e valorizadas de igual modo, e afastamo-nos da politiquice e das lutas internas grupusculares. Temos também de garantir que as decisões de um grupo, ou da federação, são apoiadas por todxs xs envolvidxs.Os indivíduos que compõem os diferentes grupos que integram a FEL são partidários das ideias anarquistas e comprometem-se a divulgá-las. Além disso, marcam o seu posicionamento contra qualquer opressão de tipo político, económico, cultural, sexual, racial ou militar, ou seja, são totalmente contra o autoritarismo exercido por uma pessoa contra outra, independentemente da área onde ele se manifesta.Como organização completamente independente, que é a FEL, não aceitamos nenhuma subvenção, venha ela de onde vier. Praticamos a auto-gestão, isto é, os meios materiais e financeiros de que dispomos provêm de contribuições dadas pelos indivíduos que integram cada grupo e/ou de actividades organizadas para os obter, tais como concertos, refeições, distribuição de materiais, etc.A FEL fixou algumas metas para avançar, passo a passo, na conquista de uma sociedade autogestionária, com base no apoio mútuo, sem necessidade de Estados:• Incentivar entre xs alunxs a auto-organização autónoma e horizontal.• Criar espaços de debate e reflexão, tanto nas escolas como fora delas.• Partindo de uma crítica radical do actual sistema de educação e suas futuras reformas, que condenam o indivíduo à satisfação das necessidades dos sistemas opressores, propomos como alternativa um modelo de aprendizagem anti-autoritário que facilite a construção de um conhecimento integral. Entendemos que este tipo de aprendizagem é uma ferramenta revolucionária não doutrinária, que nos fará avançar no caminho da liberdade.• Incentivar a abstenção activa na eleição dos órgãos de “governo” das universidades, já que consideramos necessários outros meios de participação reais, horizontais e directos, pois pensamos que as eleições são uma falsa ferramenta de participação, que tem exclusivamente como fim a legitimação do sistema.• A FEL declara-se anti-praxe. Pensamos que a hierarquia e o controle nunca podem ser o caminho para a formação de pessoas livres e conscientes. Que o único caminho para a liberdade é a prática sem limites desta e nunca a humilhação e o dirigismo. É por isso que temos a intenção de trabalhar contra a praxe até ao seu desaparecimento natural, pois não há nada que a justifique.• Estabelecer laços entre estudantes libertários para a troca de informações, ideias e experiências, e para nos apoiarmos mutuamente.• A FEL é contra todo o dogmatismo ideológico, aberta ao debate interno e a novas propostas, já que considera necessária a crítica construtiva para evoluir. Somos conscientes de que não existe uma poção mágica, e que só a prática da liberdade nos fará livres.Retirado de: Rede Libertária

segunda-feira, 25 de maio de 2009

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O seguinte texto foi distribuido na Bela Vista, Setúbal: A REVOLTA PERTENCE ÀS RUAS.

A REVOLTA PERTENCE ÀS RUAS.A recente morte de um jovem da Bela Vista não pode nunca ser vista enquanto um caso isolado.Tanto os média como os partidários do poder (presidentes de câmara, chefes da policia) é disso que nos querem fazer crer, ou seja, de que a tensão social sentida nas ruas de Setúbal tem a ver unicamente com a morte de um jovem. Como se não morresem da mesma maneira ou de maneiras semelhantes tantos outros por esse Portugal fora. Sempre às mãos da policia, sempre num contexto de crescente militarização das nossas ruas e dos nossos bairros. Os casos têm-se sucedido uns atrás dos outros sem que ninguém retire a unica conclusão possível: a policia mata sempre que quer e onde quer recebendo unicamente em troca o olhar incrédulo de uns e a cumplicidade de outros.Os assassinatos policiais em bairros sociais têm-se repetido nos ultimos tempos sempre da mesma maneira. Kuku na Amadora em Janeiro passado, Tony em 2002 na Bela Vista e muitos outros são exemplos daquele que é um dos principais papéis da policia.Mas a policia não practica apenas assassinatos e violência. Apostam também em policiamento de proximidade para tornar o Bófia num amigo, apostam na presença constante e em traje de guerra nas ruas e enfiam-nos câmaras de vigilância para nos controlar.O estado policial é uma realidade desde que existe policia; a unica diferença é que esta situação oscila hoje entre medidas de controlo tecnológicamente avançadas e força bruta. Não é característica de um governo fascista ou democrático, mas sim parte de qualquer estado e qualquer sociedade baseada na dominação.Consideramos a policia mais uma ferramenta do Estado e do Capitalismo que para além de nos explorarem a todos ainda nos quer calados e quietos enquanto o seu projecto de controlo vai avante.Das prisões às eleições, dos assassinatos à vigilância tudo faz parte do domínio que querem exercer sobre nós.QUANDO A TENSÃO AUMENTA ELES SÃO OS PRIMEIROS A TEMER A NOSSA RAIVA.

Torturas


Que eu saiba (mas eu sei muito pouco) nenhum animal tortura outro animal e menos ainda um semelhante seu. É certo que se diz que o gato sente prazer e se diverte à grande, a atormentar o rato que acabou de lhe cair nas unhas e que só virá a devorar depois de lhe haver moído bem as carnes numa forma particular de maceração, mas os entendidos nestas matérias (não sei se os entendidos em gatos ou em ratos) afirmam que o felino, como um requintado gourmet sempre à procura das cinco estrelas cinco, está simplesmente a melhorar o sabor do manjar por via de um inevitável rompimento da vesícula biliar do roedor. Sendo a natureza tão vária e diversa, tudo é possível. Menos diversa e vária, ao contrário do que geralmente se crê, é a natureza humana. Torturou no passado, tortura hoje e, não tenhamos dúvidas, continuará a torturar por todos os tempos futuros, começando pelos animais, todos eles, estejam domesticados ou não, e terminando na sua própria espécie, com cujas agonias especialmente se deleita.
Para aqueles que teimam na existência de algo a que, com os olhos em alvo, se atrevem a chamar bondade humana, a lição é dura e muito capaz de lhes fazer perder algumas das suas queridas ilusões. Acaba de ser trazido ao conhecimento da opinião pública um dos mais demenciais casos de tortura que poderíamos imaginar. O torturador é um irmão do emir de Abu Dhabi e presidente dos Emiratos Árabes Unidos, um dos países mais ricos do mundo, grande exportador de petróleo. O infeliz torturado foi um comerciante afegão acusado de ter perdido um carregamento de cereais no valor de 4000 euros que o xeque Al Nayan (este é o nome da besta) havia adquirido.
O que se passou conta-se em poucas palavras, já que um relato completo exigiria um livro de muitas páginas. A gravação do vídeo, de 45 minutos, mostra um homem de chilaba branca golpeando os testículos da vítima com uma aguilhada eléctrica, dessas que se usam para tocar o gado, que depois lhe introduz no ânus. A seguir verte-lhe sobre os testículos o conteúdo de um isqueiro e pega-lhes fogo, lançando depois sal sobre a carne queimada. Para rematar, atropela várias vezes o desgraçado com um carro todo-o-terreno. No vídeo pode ouvir-se os ossos a partirem-se. Como se vê, um simples capítulo mais da ilimitada crueldade humana.
Se Alá não toma conta da sua gente, isto vai acabar mal. Já tínhamos a Bíblia como manual do perfeito criminoso, agora é a vez do Corão, que o xeque Al Nayan reza todos os dias.
Fonte: O Caderno de Saramago

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Centro Social da Mouraria Sexta, dia 15 de Maio, 21h30: Curta metragem ‘Kunta’ e Debate sobre Imigração/Bairros Sociais

Curta metragem ‘Kunta’ e Debate sobre Imigração/Bairros SociaisRealização Ângelo TorresDebate/Conversa com Ângelo Torres, LBC e Ana RajadoSexta, dia 15 de Maio, Centro Social da Mouraria, 21:30.Organização: Revista Rubra Ângelo Torres define-se como um contador de histórias. Mas é também conhecido pelo seu sentido de humor e…de humanidade. Talvez por ter vivido em seis países e sempre se ter sentido um estrangeiro nesses países, um ‘Kunta’, nome que os cubanos dão aos estudantes africanos quando não sabem os seus nomes. ’Kunta’ é a primeira curta-metragem de Ângelo Torres. É a história de «um imigrante que vive em qualquer cidade da Europa, neste caso em Lisboa, numa pequena localidade nos arredores da cidade. Um dia acontece uma coisa inusitada....». À curta-metragem seguem-se histórias de Ângelo Torres e uma conversa sobre imigração com Ângelo Torres, MC LBC Minao Soldjah, activista pelos direitos dos imigrantes e Ana Rajado do colectivo Revista Rubra. Nos dias que correm, de criminalização pública dos trabalhadores negros, urge um debate sobre a imigração e os bairros sociais em Portugal.

terça-feira, 12 de maio de 2009


16 de Maio (sábado) - 16h - Debate sobre Cooperativismo

Dia 16 de Maio no Centro de Cultura Libertária16h - Debate sobre CooperativismoNos tempos que correm, e em que somos bombardeados com a "crise", que mais não é do que uma crise do sistema económico em que nos forçam a viver no pauperismo, é necessário encontrar novos moldes de organização social e económica.Novos moldes económicos, ou mesmo até experiências postas em prática noutros tempos, podem ser benéficas para fazer face à actual situação em que vivemos.Pretende-se com este debate fazer uma análise da construção de pequenas experiências cooperativas, isto para prover pessoas necessitadas de bens de consumo que são comprados a custos elevados no actual quadro de organização comercial.Um outro aspecto fundamental onde este debate incidirá, será a alternativa cooperativa ao desemprego que atinge várias camadas populacionais.Pretende-se com este debate dar o exemplo de apoio–mútuo, conseguido tanto pela organização das pessoas para conseguirem uma ocupação de tipo profissional que ajude na sustentabilidade económica, como nos apoios às populações carenciadas de produtos a baixo custo.Este modelo necessitará da cooperação económica dos envolvidos, através de quotas dos cooperantes que organizam a cooperativa (pequenas lojas de consumo), bem como dos que a ela recorrerem.Estas serão as bases essenciais de um modelo de organização de auxílio mútuo necessária nos dias que correm.
Centro de Cultura Libertária
Rua Cândido dos Reis, 121, 1º dto. - Cacilhas – Almada

[Grécia] Polícia e fascistas de mãos dadas outra vez...

O grupo nazi Chrisi Augi (Amanhecer Dourado), que já tinha estado lado a lado com a polícia durante o mês de Dezembro, convocou uma manifestação contra os imigrantes que estão na Grécia.
A manifestação foi até ao Tribunal de Recurso de Atenas (desactivado desde 2000) que está okupado por imigrantes que estão ameaçados de expulsão do país.
Segundo os relatos a polícia permitiu que os fascistas atacassem o Tribunal. De dentro, os imigrantes e outras pessoas em solidariedade respondiam com pedras.
Todas as manifestações convocadas por anarquistas ou outros drupos de esquerda foram reprimidas com violência por parte da polícia.
Um grupo anarquista que saía de Exarchia foi atacado pela polícia de choque e retiraram para o polítécnico onde continuram os confrontos.
Mais fotos da polícia com os nazis aqui.

Uma crónica do Primeiro de Maio Anticapitalista e Anti-autoritário – Lisboa – 2009

A partir das 16 horas, várias dezenas de pessoas foram comparecendono Jardim do Príncipe Real. No local era visível a presençaostensiva de polícias à civil, para além do constante assédio dejornalistas a fotografarem e filmarem, procurando, inutilmente,organizadores e representantes. As pessoas foram chegando e, faceao descrito, umas tapavam a cara, outras não, enquanto váriospanfletos iam circulando e a conversa se punha em dia, tentandoevitar os ouvidos teleguiados da democrática bufaria.Pouco antes das 17 horas, havendo já umas cem pessoas no local,foram abertas várias faixas: “Contra a exploração, acção directa!”,“Os bancos roubam-nos a vida. Iremos ao seu assalto!”,“Capitalismo: nem a sua crise nem a sua prosperidade!”, “Consumo,logo existo. Penso, logo esbanjo”.A manifestação partiu então, cortando o trânsito num sentido edificultando-o no outro, pela rua D. Pedro V, descendo as ruas deS. Pedro de Alcântara e da Misericórdia. Gritaram-se, em crescendo,frases contra o capitalismo, o Estado, os media e a polícia:“União, acção, insurreição, contra toda a opressão!”, “Nem Estado,nem patrão. Autogestão!”, “A, Anti, Anti-Capitalista!”, “Diário deNotícias: Diário de Polícias”, “Alerta! Alerta! Surto de gripepolicial”, “A liberdade está nos nossos corações! Nem prisões, nembófia, nem pátrias nem patrões”, “Os bancos estão-nos a queimar.Queimemos os bancos”, entre outras.Entretanto, mais algumas dezenas de pessoas se foram juntando àmanifestação. Já na rua Garrett continuou-se a gritar bem alto: “Avossa repressão só nos dá mais paixão!”.Até ao Chiado a única presença aberta da polícia, para além dosinúmeros agentes à paisana, foi a de um carro patrulha que seguiu amanifestação. A partir do Chiado, um grupo de polícias a pé e emmotorizadas esforçou-se por controlar o percurso. Mas em todo omomento a manifestação seguiu o percurso pretendido pelosmanifestantes.Na Rua do Carmo, local do violento ataque da PSP contra amanifestação antiautoritária contra o fascismo e o capitalismo de25 de Abril de 2007, as gargantas esmeraram-se: “Aqui estamos outravez, sem medo, sem lei”; “Um povo organizado vive sem Estado”.Algumas lojas fecharam as portas e colocaram seguranças à porta...Continuou-se até ao Rossio, onde a manifestação contornou a festada União de Sindicatos Independentes, contrastando as nossaspalavras de ordem com a actuação de um rancho folclórico em plenopalco, por certo lembrança de velhos tempos em que se comemorava a“alegria no trabalho”...A manifestação terminou na Praça da Figueira, após o que osmanifestantes foram dispersando.Para nós, o balanço da manifestação é globalmente positivo. Mais decem pessoas apareceram e assinalaram um Primeiro de Maio combativo,anti-autoritário e anticapitalista, independente das restantesiniciativas que tiveram lugar na mesma tarde. Isto, apesar dastentativas levadas a cabo pela polícia para, através de umacampanha de intimidação e desinformação por meio de artigospublicados na imprensa, isolar e assustar as pessoas que seidentificassem com a convocatória e pudessem aparecer. Não deixa deser positivo haver mais de cem pessoas que não se deixaramintimidar.A vossa repressão só nos dá mais paixão!anónim@sRetirado de: Rede Libertária

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Jantar benefit Feira do livro anarquista

Dia 9 de maio, próximo sábado, ás 21.30 no Centro Cultura Libertária em cacilhasmais informação:http://culturalibertaria.blogspot.comQueremos ir para além da informação e da opinião.Partindo de diferentes projectos, pretendemos criar um espaço de discussão, reflexão, encontro e confronto de ideias anarquistas, onde cada um destes projectos se possa desenvolver.Numa tentativa de encontrar e conhecer outros indivíduos e descobrir potenciais cúmplices no que cada um de nós deseja, continuamos (e continuaremos) a dar importância à palavra escrita enquanto ferramenta de comunicação e ataque.Convidamos quem desejar contribuir neste sentido a participar.Feira do livro anarquista22, 23 e 24 de maio de 09rua luz soriano 67Abairro altolisboa

Epidemia de lucros

Texto de Silvia Ribeiro publicado no jornal mexicano La Jornada
A epidemia de gripe suína que dia-a-dia ameaça expandir-se por mais regiões do mundo não é um fenómeno isolado; é parte da crise generalizada e tem suas raízes no sistema de criação industrial de animais dominado pelas grandes empresas transnacionais.No México, as grandes empresas de criação de aves e suínos têm proliferado amplamente nas águas (sujas) do Tratado de Livre Comércio da América do Norte. Um exemplo é a Granja Carroll, em Veracruz, propriedade da Smithfield Foods, a maior empresa de criação de porcos e processamento de produtos suínos no mundo, com filiais nos EUA, na Europa e na China. Em sua sede de Perote começou há algumas semanas uma virulenta epidemia de enfermidades respiratórias que atingiu 60% da população de La Gloria, facto informado pelo jornal La Jornada em vários momentos a partir das denúncias dos habitantes do lugar. Eles, há uns anos, travam uma dura luta contra a contaminação causada pela empresa e têm sofrido, inclusive, repressão das autoridades por denunciar. A Granjas Carroll declarou que não está relacionada nem é a origem da actual epidemia, alegando que a população tinha uma gripe "comum". Não foram feitas análises para saber exactamente de que vírus se tratava.Em contraste, as conclusões do painel Pew Commission on Industrial Farm Animal Prodution (Comissão Pew sobre Produção Animal Industrial), publicadas em 2008, afirmam que as condições de criação e confinamento da produção industrial, sobretudo em suínos, criam um ambiente perfeito para a recombinação de vírus de distintas cepas.Inclusive, mencionam o perigo de recombinação da gripe aviária e da suína e como finalmente pode chegar a recombinar em vírus que afectem e sejam transmitidos entre humanos. Mencionam também que por muitas vias, incluindo a contaminação das águas, pode chegar a localidades longínquas, sem aparente contacto direto. Um exemplo do que devemos aprender é o surgimento da gripe aviária - ver, por exemplo, o relatório de GRAIN, que ilustra como a indústria avícola criou a gripe aviária: http://www.grain.org/.Porém, as respostas oficiais diante da crise actual, além de tardias (esperaram que os Estados Unidos anunciassem primeiro o surgimento do novo vírus, perdendo dias preciosos para combater a epidemia), parecem ignorar as causas reais e mais contundentes. Mais do que enviar cepas de vírus para o seu sequenciamento genómico a cientistas, como Craig Venter, que enriqueceu com a privatização da pesquisa e dos seus resultados (sequenciamento que, com certeza, já foi feito por pesquisadores públicos do Centro de Prevenção de Enfermidades em Atlanta, EUA), o que se torna necessário é saber que esse fenómeno irá continuar a repetir-se enquanto existirem os focos criadores dessas enfermidades.Já na epidemia, são também as transnacionais, as que mais lucram: as empresas biotecnológicas e farmacêuticas que monopolizam as vacinas e os antivirais. O governo anunciou que tinha um milhão de doses de anti-genes para atacar a nova variedade de gripe suína; porém, nunca informou qual o seu custo.Os únicos antivirais que ainda têm acção contra o novo vírus estão patenteados na maior parte do mundo e são de propriedade de duas grandes empresas farmacêuticas: o zanamivir, com nome comercial Relenza, comercializado pela GlaxoSmithKline, e o oseltamivir, cuja marca comercial é Tamiflu, patenteado pela Gilead Sciencies, licenciado de forma exclusiva pela Roche. Glaxo e Roche são, respectivamente, a segunda e a quarta empresas farmacêuticas em escala mundial e, igualmente como no restante de seus remédios, as epidemias são as suas melhores oportunidades de negócio.Com a gripe aviária, todas elas lucraram centenas ou milhões de dólares. Com o anúncio da nova epidemia no México, as acções da Gilead subiram 3%, as da Roche 4% e as da Glaxo 6%; e isso é somente o começo.Outra empresa que persegue esse lucrativo negócio é a Baxter, outra farmacêutica global (ocupa o 22º lugar), e que teve um "acidente" na sua fábrica na Áustria, em Fevereiro de 2009. Enviou um produto contra a gripe para a Alemanha, Eslovénia e República Checa contaminado com vírus da gripe aviária. Segundo a empresa "foram erros humanos e problemas no processo", do qual não pode dar detalhes, "porque teria que revelar processos patenteados".Não necessitamos enfrentar somente a epidemia da gripe; necessitamos enfrentar também a epidemia do lucro.Silvia Ribeiro é pesquisador do grupo ETC, que pratica estudos sócio-económicos e ecológicos (http://www.etcgroup.org/

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O Primeiro de Maio de 1962

O Primeiro de Maio de 1962 marcou uma viragem importante na luta contra o regime salazarista.
Com a derrota dos fascismos no final da segunda guerra mundial surgiu a convicção de que o Estado Novo ficara muito enfraquecido e a esperança de que Salazar não se conseguisse sustentar no poder. O Partido Comunista, a única organização clandestina com uma força real e efectiva implantação na classe trabalhadora, defendeu então a aliança com os sectores democráticos conservadores e apostou tudo na candidatura do velho general Norton de Matos à Presidência da República nas eleições de 1949. A direcção do Partido Comunista não podia ter escolhido melhor, se queria assinalar a sua vontade de não colocar limites na aliança com a direita contra Salazar. Antigo ministro da Primeira República e alta personalidade na Maçonaria, da qual fora eleito grão-mestre em 1929, Norton de Matos havia-se destacado como uma das principais figuras do colonialismo, primeiro na Índia e de 1912 até 1915 como governador-geral de Angola, tendo sido nomeado de 1921 até 1923 Alto Comissário da República naquela colónia. A sua truculência contra os trabalhadores ficara célebre na metrópole quando, por ocasião de uma greve de ferroviários em que os sindicalistas haviam ameaçado dinamitar as linhas se o governo fizesse circular os combóios [trens] com fura-greves [pelegos], o general Norton de Matos mandou atar à frente das locomotivas dirigentes sindicais para que eles fossem os primeiros a morrer em caso de sabotagem. Foi esta estupenda figura que o Partido Comunista e a oposição democrática apresentaram como candidato contra o candidato escolhido por Salazar.
A eleição não levou a lado nenhum, como seria de prever, e Norton de Matos desistiu antes do escrutínio. Mesmo que não o fizesse, o fascismo já tinha determinado previamente quais seriam os resultados nas urnas. Mas se sob o ponto de vista eleitoral a manobra foi fútil, sob o ponto de vista da luta de classes as repercussões negativas foram muito profundas, pois a classe trabalhadora fora precipitada no beco sem saída da aliança com os patrões democráticos e com a incipiente tecnocracia modernizadora.

Delgado saúda a multidão no Porto.
Durante uma década a capacidade de luta dos trabalhadores entrou num refluxo bastante acentuado, ao mesmo tempo que a guerra fria consolidou o apoio dado pelos sucessivos governos norte-americanos aos dois fascismos da Península Ibérica. Até que em 1958, por ocasião de novas eleições à Presidência da República, as oposições ao regime dedicaram-se à futilidade habitual e decidiram apresentar candidatos. O Partido Comunista apoiava, a partir da clandestinidade, uma figura de esquerda, o advogado Arlindo Vicente, enquanto os democratas conservadores e alguns dissidentes do regime promoviam a candidatura de Humberto Delgado, general da Força Aérea. À primeira vista era estranha a escolha desta figura para se opor ao candidato de Salazar. Convicto fascista desde a juventude, Delgado comandara a Legião Portuguesa e fora vice-comissário nacional da Mocidade Portuguesa. Mais tarde, já enquanto alta patente da aviação, ele tivera ligações estreitas aos meios militares dos Estados Unidos. Mas nas eleições de 1958, que tudo prometia serem uma farsa tão grande como as anteriores, sucederam duas coisas imprevistas.
A primeira, foi a própria figura de Delgado, que se revelou um demagogo com um sentido da multidão e uma sensibilidade para auscultar a opinião das massas que rivalizava com a dos seus congéneres da América Latina naquela época. Posicionando-se cada vez mais à esquerda e com uma capacidade de afirmação pessoal incomparavelmente superior à de Arlindo Vicente, Delgado conseguiu que este desistisse e que o Partido Comunista, sempre na clandestinidade, passasse a dar-lhe o seu apoio.
A segunda coisa imprevista foi o maciço movimento de opinião a favor do general Humberto Delgado. A viagem que ele fez de Lisboa até ao Porto, e depois o regresso, durante a campanha eleitoral, entusiasmou multidões entre os trabalhadores, os camponeses pobres e uma pequena burguesia muito abundante nas condições arcaicas da economia portuguesa daquela época. Nem o aparelho repressivo do fascismo, apesar da sua enorme rede de espionagem e de delação, esperava aquele movimento de massas, nem o Partido Comunista o previra.
Contrariamente ao que havia sucedido com os candidatos oposicionistas nas eleições anteriores, Humberto Delgado decidiu ir até ao fim e apresentar-se ao escrutínio. Diz-se que, em número de votos colocados nas urnas, ele teria vencido aquelas eleições, e é muito provável que isto seja exacto. Os resultados legais, evidentemente, foram outros, já que eram os agentes do fascismo quem contava os votos e os pides [membros da polícia política] atulharam as urnas à última hora. Mas a maioria da população ficou convicta de que tinha sido defraudada. E em vez de ficarem desmobilizados e presos à aliança com o patronato democrático e com a tecnocracia modernizadora que o Partido Comunista continuava a defender, os trabalhadores começaram a enveredar por verdadeiros confrontos de classe.
Foram quatro anos de radicalização progressiva, que conduziram ao Primeiro de Maio de 1962. Ao longo de várias horas, muitas dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se no centro de Lisboa, um número sem precedentes, ao mesmo tempo que os assalariados agrícolas do Alentejo e do Ribatejo entraram em greve e conseguiram finalmente conquistar o limite das oito horas de trabalho. A repressão foi brutal. Contrariamente ao que sucedera na década precedente, não bastou a prisão dos militantes clandestinos do Partido Comunista, e o salazarismo deixou alguns mortos nas ruas e nos campos. Pela primeira vez desde o final da segunda guerra mundial a classe trabalhadora havia desencadeado um movimento próprio de grandes dimensões, independente dos democratas conservadores e com um enorme grau de combatividade.

A multidão começa a concentrar-se no Rossio, em Lisboa.
O Primeiro de Maio em Lisboa e a greve rural a sul do Tejo tiveram importantes repercussões políticas e contribuíram decisivamente para minar as bases do salazarismo. Em 1961 iniciara-se a sucessão de guerras coloniais, que acabaria por colocar em xeque o exército português até que, cientes de que era impossível uma vitória militar contra os movimentos de libertação, os oficiais desencadeariam a conspiração que levaria à queda do regime em 25 de Abril de 1974. Acessoriamente, em 1962 os estudantes universitários entraram numa efervescência que aumentaria nos doze anos seguintes. Convém lembrar que a universidade portuguesa era então uma instituição estritamente vocacionada para a elite, mas as lutas estudantis, embora não tivessem um carácter popular, minaram internamente a classe dominante. Assim, 1961 e 1962 assinalaram o começo de um conjunto de ataques convergentes que levaram à liquidação do fascismo.
As repercussões políticas do Primeiro de Maio de 1962 exerceram-se noutro plano também. O Partido Comunista fora o impulsionador e o organizador clandestino das jornadas de Maio, e no interior da sua direcção vinha a travar-se uma acesa polémica entre a facção mais moderada, que tinha predominado até então e era responsável pela colocação em primeiro plano da oposição conservadora, e uma facção mais radical, que tinha em Álvaro Cunhal a figura de proa, e que, sem de modo algum romper a aliança com os patrões democratas e com os tecnocratas modernizadores, pretendia assegurar uma maior independência política do aparelho do Partido.

Desenho por Álvaro Cunhal.
A irrupção do proletariado em Maio de 1962 fortaleceu a orientação preconizada por Álvaro Cunhal, mas teve outro efeito ainda, o aparecimento de uma terceira facção, representada por Francisco Martins Rodrigues. De início, Francisco Martins pretendera apenas levar mais longe as posições encabeças por Cunhal, mas ele depressa se destacou com uma estratégia própria, até assumir a ruptura com o resto do comité central.
Do ponto de vista prático, as posições defendidas então por Francisco Martins revelaram-se completamente inadequadas. Ele julgou que o surto aguerrido do Primeiro de Maio e da greve no Alentejo e no Ribatejo revelava uma disposição dos operários e dos camponeses mais radicais para encetarem a luta armada contra o salazarismo, e apostou tudo na preparação dessa luta armada. Juntamente com Rui D’Espiney e João Pulido Valente, Francisco Martins fundou o Comité Marxista-Leninista Português (CMLP), que não se destinava a formar um novo partido mas a constituir como que uma espécie de direcção do Partido Comunista «no exílio». Aquele pequeno grupo esperava que a radicalização da luta levasse à radicalização das bases do Partido Comunista, num processo que expulsaria os elementos moderados dessa direcção e poria o CMLP à frente do Partido. Com esse fim o CMLP fundou a Frente de Acção Popular (FAP). O recrutamento de militantes era feito exclusivamente para a FAP, não para o CMLP, e toda esta estratégia se revelou ilusória porque a luta armada não foi sequer encetada, a FAP foi rapidamente destruída pela Pide e as bases do Partido Comunista permaneceram fiéis aos seus dirigentes, sem verem no CMLP qualquer direcção alternativa.
Todavia, no plano da elaboração teórica, Francisco Martins representou o prolongamento do Primeiro de Maio de 1962, porque foi ele quem pela primeira vez introduziu uma perspectiva de classe trabalhadora na análise das lutas sociais no Portugal daquela época. Esta perspectiva de classe fora já aplicada em estudos históricos, sobretudo relativos ao século XIX e à Idade Média, por intelectuais comunistas como Augusto da Costa Dias, Victor de Sá, Armando Castro, António Borges Coelho, o próprio Álvaro Cunhal e outros ainda. Mas ficara limitada à historiografia. Na análise política concreta, o Partido Comunista, incluindo Álvaro Cunhal, nunca saiu da esfera do radicalismo republicano e jacobino, em que ainda hoje se mantém. Foi Francisco Martins, nos seus artigos no //Revolução Popular//, o órgão teórico do CMLP, o primeiro a romper com essa pesada tradição ideológica da oposição antifascista e a definir um ponto de vista teórico autónomo inspirado na classe trabalhadora. Neste plano foi ele quem melhor absorveu e melhor exprimiu o ímpeto militante e proletário do Maio de 1962, transmitindo-o àqueles que, de uma maneira ou outra, prolongaram a perspectiva que ele inaugurou. Mesmo que o não saibam, os jovens que começam hoje a ressurgir na extremíssima-esquerda portuguesa devem alguma coisa a esta linhagem.
Vista assim a questão, o Primeiro de Maio de 1962 nas ruas de Lisboa e nos campos do sul mantém-se ainda vivo.

passapalavra.info

A maioria dos franceses apoia o sequestro de patrões

No passado dia 28, o canal francês TV5 transmitiu um interessante debate intitulado “Patrões sequestrados: até quando?”. Em discussão, não apenas o sequestro de patrões e administradores, mas de uma forma geral as acções cada vez mais destemidas da parte dos trabalhadores franceses em resposta aos efeitos da crise, particularmente os despedimentos. Não foram tanto as declarações feitas que deram interesse ao debate – mas sim o que, entre as diferentes posições expressas, veio ao de cima. Os jornalistas, comentadores, dirigentes sindicais, sociólogos presentes não puderam evitar de reconhecer que se assiste a um recrudescimento da luta de classes: “A luta de classes ganhou novo fôlego”, disse-se concretamente. Diante dos efeitos da crise, “há hoje uma verdadeira cólera” entre os franceses, houve quem reconhecesse.Naturalmente, choveram as condenações às acções de sequestro. Os representantes da central sindical CGT fizeram questão de afirmar que “não as encorajavam”. Os homens da direita fizeram notar que a lei deverá ser respeitada e que “não se deve premiar o delito” senão será “o caos”. Foi lembrada a declaração formal de Sarkozy em 7 de Abril (repetida pelo primeiro ministro Fillon) de que fará respeitar “a lei da República”. Não faltou sequer o habitual apontar de dedo a “uma minoria radical”, à “extrema-esquerda” que seria responsável pelos “excessos” da massa, tida por naturalmente ordeira – tanto nas universidades como nas empresas. Mas tudo isto foi dito de uma forma estranhamente moderada. Não em tom de ameaça, mas quase de apelo ao bom senso. Isto é, na defensiva!A razão de ser desta postura branda percebeu-se quando foram revelados os resultados de uma sondagem recente (10 e 11 de Abril) acerca de como está a reagir a opinião pública aos acontecimentos. Com efeito, 55% dos franceses justificam não só os sequestros, como os cortes e bloqueios de estradas quem têm vindo a generalizar-se. Mais: 64% acham que não devem ser levantados processos judiciais aos trabalhadores que pratiquem sequestros ou cortes de estradas. E mais ainda: os números desta sondagem não só confirmam o que sondagens semelhantes tinham apurado a partir de Março, como mostram uma crescente posição favorável aos sequestros – o que revela uma opinião consolidada e não de circunstância. Na verdade, numa sondagem feita a 1 e 2 de Abril para o jornal Le Parisien 45% dos inquiridos achavam os sequestros “aceitáveis” e 50% eram de opinião contrária. Num outro inquérito feito a 2 e 3 de Abril para a revista Paris Match 30% dos franceses “aprovavam” os sequestros, 63% “compreendiam-nos mas não os aprovavam” e apenas 7 % os “condenavam”.Quer dizer, a maioria dos franceses mostra-se favorável aos métodos de luta postos em prática, independentemente de serem legais ou ilegais! É este peso da opinião pública – que ainda há poucos meses não era igual – que torna cautelosos os homens do poder e faz, para já, das ameaças de Sarkozy letra morta. Este pendor da opinião pública tem raiz num temor generalizado pela perda do emprego e pela degradação das condições de vida. Dados da mesma sondagem mostram que mais de dois terços dos franceses receiam não voltar a encontrar trabalho se forem despedidos. Por outro lado, as evidências falam por si: em duas horas de sequestro resolvem-se questões negociais que se arrastavam há semanas ou meses. “É a única maneira de os trabalhadores se fazerem ouvir” – reconhecia um dos participantes do debate. Ou seja, é a eficácia das acções que leva a maioria dos franceses a apoiá-las – por ver nelas o meio prático de levar por diante os seus direitos – e não o julgamento acerca da legalidade ou ilegalidade das iniciativas. Marx dizia numa passagem de O Capital que, segundo as regras do capitalismo, o capitalista tem o direito de reduzir ao mínimo que puder o preço que paga pela força de trabalho do operário; e que o operário tem o direito inverso de obter o máximo que puder do capitalista. E acrescentava que estes direitos iguais só podiam ser dirimidos por um processo: a luta de classes. Eis pois a luta de classe.
Retirado de Mudar De Vida

O Peixe Morcego Vulcânico Cego