terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Dia 1 Festa da Biblía!!!


Festa de Lançamento da revista Bíblia (nº27 e 28) em AljustrelApresentação e leitura de textos da Revista Bíblia" A revista Bíblia já leva mais de 10 anos como um espaço de experimentação nas tendências contemporâneas das artes visuais e da literatura. Existe desde Abril de 1996 e lançou até agora 27 números. Neste momento tem periodicidade trimestral e a tiragem é normalmente de 2000 exemplares. Calculamos que estejam distribuídas cerca de 50000 revistas até à data. A revista Bíblia caracteriza-se pela variedade das áreas artísticas que abrange, como a ilustração, desenho, fotografia, pintura, design, banda desenhada, video prints, prosa, conto e poesia. A revista não exclui abordagens à arquitectura, cinema, teatro e música. Pelas páginas da revista, que funciona como espaço de encontro de uma geração, já passaram cerca de 600 colaboradores nacionais e internacionais.”http://www.revista-biblia.com/

rock francês


MarvinFormados em 2003 por Frédéric Conte, Emilie Rougier e Grégoire Bredel, os Marvin produzem uma sonoridade electrorock que cruza o Krautrock, um certo som de Chicago, pós punk e errrr um electro sujo. Depois de três anos a tocar um pouco por todo o território francês, o trio de Montpellier editou o primeiro álbum em Março de 2007.www.myspace.com/marvinband
Goodbye DianaA música dos Goodbye Diana remete-nos para a celebração do pós-rock. Numa altura que o género se tornou quase receita-chave para algumas bandas desesperadas, os franceses fazem-nos lembrar e procuram nos anos 70 a inspiração para a música que fazem. Para apreciadores de Don Caballero, June of 44, Honey for petzi e Dianogah.www.myspace.com/goodbyediana
organização:Lovers & Lollypopshttp://www.loversandlollypops.com/www.myspace.com/loversandlollypopshttp://www.casa-viva.blogspot.com/loverslollypops@gmail.com

Regicídio vai ser assinalado em Castro Verde. O programa inclui canções anarquistas


A Câmara Municipal de Castro Verde vai dinamizar um programa evocativo do regícidio . A importância que a autarquia concede a estes acontecimentos relaciona-se directamente com o facto de um dos regicidas, Alfredo Luís da Costa, ser natural de Casável, freguesia do concelho. Considerado uma etapa fundamental para a implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, e um elemento fulcral para a construção do Portugal moderno, o regicídio teve entre os seus mentores, Alfredo Luís da Costa, natural de Casével, motivo pelo qual o concelho de Castro Verde se encontra intrinsecamente ligado à história do acontecimento. Centenário do Regicídio 31 Janeiro (Quinta-Feira) Inauguração da exposição “O Regicídio visto nos jornais da Europa em 1908”. Praça da República. Abertura de exposição-venda de livros sobre a temática do Regicídio e da República. Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca. 19h00 Conferência “Olhar o Regicídio”, com a participação do Dr. Jorge Morais e do Dr. Luís Vaz, com a moderação da Doutora Alice Samara. Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca. 21h00 1 Fevereiro (Sexta-feira): Lançamento do Livro “Crónica do Regicida Invisível – Alfredo Luís da Costa”, de Paulo Barriga, apresentado pelo Dr. Rui Faustino, da Biblioteca Museu República e Resistência. Fórum Municipal de Castro Verde. 18h30 Abertura da Exposição “República”, da responsabilidade da Biblioteca Museu República e Resistência. Fórum Municipal de Castro Verde. 19h30 2 Fevereiro (Sábado): “A figura de Alfredo Luís Costa”, apresentação de Paulo Barriga. Junta de Freguesia de Casével. 15h00 Descerramento de placa evocativa de Alfredo Luís da Costa. Participação da Banda Filarmónica 1º de Janeiro. Largo de Casével. 16h00 12 Fevereiro (Terça-Feira): Apresentação do Livro “Crónica do Regicida Invisível – Alfredo Luís da Costa”. Biblioteca Museu República e Resistência, Lisboa. 18h00 15 Fevereiro (Sexta-Feira): Apresentação do livro: “1908: Um Olhar sobre o Regicídio”, da responsabilidade da Professora Margarida Ramalhães Ramalho. Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca. 21h30. 16 Fevereiro (Sábado): Canções anarquistas com Vitorino Salomé. Cine-Teatro Municipal de Castro Verde. 21h30

[Setúbal] Desalojada a okupação da “ Casa da Serra”.

A “Casa da Serra” espaço ocupado na Serra da Arrábida em Setúbal desde 11 de Abril, e alvo de várias tentativas de despejo desde 15 de Dezembro, foi desalojada hoje dia 24 por ordem do tribunal. Uma desmesurada mas calma caravana policial apareceu logo pela manhã acompanhada de advogados do proprietário. A operação contou com o corte de todas as estradas de acesso à casa e com um ultimato que exigia, até ao fim do dia, o abandono da casa. Esta operação policial vem na sequência das tentativas efectuadas por parte de representantes do proprietário que apareceram na manhã do passado dia 15 de Dezembro acompanhados por capangas e máquinas com o objectivo de desalojar e demolir a casa. Perante a intimidação, opôs-se a resistência determinada dos ocupantes e de muita gente solidária que rapidamente apareceu para apoiar e impedir as máquinas. Ao verem-se impedidos de prosseguir, chamaram a GNR que, por não existir ordem de despejo propuseram-se a negociar com fim de chegar a um acordo verbal no qual atribuiam 8 dias para os ocupantes se irem embora. Aos nove dias apareceram então os proprietários na tentativa de fazer uma surpresa, mas voltaram a enfrentar séria resistência, e voltaram a chamar a GNR que aconselhou os proprietários a não tomarem medidas precipitadas e esperar pelo momento em que se encontrassem na posse de uma ordem judicial. Hoje já existia e foi posta em prática. De salientar que a atitude passiva da policia acabou por dar origem a um despejo sem tensões, ao contrário do normal. Segundo um comunicado dos ocupantes, quando foi ocupada, em 11 de Abril de 2007, “a casa estava há já muitos anos deixada ao abandono e com sinais evidentes de degradação, sem portão, portas e janelas. Com o objectivo de dar continuidade ao projecto iniciado com o Punker de Albarquel, (okupação de umas instalações militares dotadas de bunkers também na serra da arrábida despejada nos primeiros dias de Abril de 2006) a casa foi restaurada e posta a funcionar de forma a ser possível ai levar a cabo uma sala de ensaios livre de impostos, uma sala de serigrafia, cultivo biológico” entre outras coisas. Ao longo dos meses muitos foram os concertos, festivais e jantares que se realizaram na Casa da Serra. Muitas foram as actividades numa zona que tem de um lado a SECIL e a co-incineração e do outro, em Tróia, um Resort de Luxo. O terreno em questão, pertence a um dos maiores proprietários da margem-sul, António Xavier de Lima, dono de empresas de construção civil, muitos empreendimentos, e uma empresa de material de “bricolage”. Aparentemente, os seus planos para a zona são... um empreendimento turistico. De referir igualmente que na quarta-feira dia 23 foi igualmente desalojada outra casa okupada recentemente em Setúbal. A "Casa da Roda" contava com algumas semanas de okupação, e foi alvo de acção de despejo, movido pelo 2º maior proprietário de Portugal... a Santa Casa da Misericórdia, em conjunto com a Brigada de Intervenção Rápida da PSP. Apesar do crescimento e persistência das okupações em Setúbal, depois de anos de destruição da serra e especulação imobiliária temos mais do mesmo: ligações obscuras entre grandes proprietários, as grandes empresas e os interesses do poder local e assim condena-se uma zona ao deserto capitalista que é o turismo, as fábricas, os projectos urbanísticos e as selvas de betão.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

26 de Janeiro



Dia 26 de Janeiro (Sábado)
pelas 17.00 Conversa
"Partes de uma cidade em Partes. Reflexão sobre a importância do espaço público participado no espaço urbano fragmentado"
por Patricia Colucas
Janta Vegetariana
Concerto
My Rules (lisboa) e Deeds of Sanity (Beja)

Documentário sobre Brad Will na Casa do Brasil


Documentário sobre Brad Will: "Brad, Uma Noite Mais Nas Barricadas"Sexta-feira, 25 janeiro, às 21h, na Casa do BrasilRebelião popular em Oaxaca, México, 2006.
Quando os paramilitares dão um tiro de fuzil no peito de Brad Will, a câmara cai, mas continua gravando.
Essa câmara passa de mão em mão, contando a história de Brad. E um pouco desse movimento de movimentos conhecido como antiglobalização. Das ocupações urbanas em Nova York, a um piquete ecologista no Oregon, à batalha de Seattle, Praga, Quebec, Génova, Quito, Oaxaca...
Por trás da câmara estão os amigos de Brad que, como ele, se dedicam a mostrar o que não aparece na TV. Documentário sobre Brad Will: "Brad, Uma Noite Mais Nas Barricadas"Sexta-feira, 25 janeiro, às 21h, na Casa do BrasilCasa do Brasil:Rua São Pedro de Alcântara, 63 - 1º direito - LisboaLink para ver o vídeo online: http://videohackers.net/videos/download/BradWebPeqPt.mov

Banco Mundial acusado de arrasar as florestas do Congo


O Banco Mundial, de acordo com um relatório de investigação interna efectuada por membros seniores do Banco e especialistas externos, encorajou empresas estrangeiras a explorar destrutivamente a segunda maior floresta do mundo, colocando em perigo as vidas de milhares de pigmeus congoleses. O relatório, conduzido por um painel de inspecção independente, visto pelo Guardian, acusa igualmente o Banco de induzir em erro o governo do Congo acerca do valor das suas florestas e de infringir as suas próprias regras.

As florestas tropicais do Congo são as segundas maiores do mundo depois da Amazónia, retendo cerca de 8% do carbono do planeta e possuindo uma das mais ricas biodiversidades. Cerca de 40 milhões de pessoas dependem das florestas para medicamentos, abrigo, madeira e comida.

O relatório acerca das actividades do Banco na República Democrática do Congo [RDC] desde 2002 segue­‑se a queixas efectuadas há 2 anos por uma aliança de 12 grupos de pigmeus. Os grupos alegaram que o sistema apoiado pelo Banco de atribuição de vastas concessões a empresas para explorar as florestas estava a causar um «mal irreversível».

Em poucas semanas, este assunto será discutido a nível da administração do Banco Mundial e poderá levar a uma completa renovação do modo de pensar acerca do modo como é praticada a exploração das florestas na RDC.

Este é um caso particularmente embaraçoso para o governo britânico, o qual é um parceiro de desenvolvimento do Banco e o seu terceiro maior contribuidor financeiro. Encorajou o Banco a intervir nas florestas do Congo com uma exploração industrial virada para a exportação e reservou 50 milhões de libras (cerca de 73 milhões de euros) de ajuda ao Congo para actividades florestais.

Quando o Banco voltou para o Congo em 2002, depois de anos de uma guerra que custou 4 milhões de vidas, afirmou que a actividade industrial florestal poderia contribuir fortemente para a recuperação do país. Na sua pressa de reformar a economia, inventou novas leis acerca da exploração florestal, dividiu o país em zonas e teve como objectivo a criação de um clima favorável para a exploração florestal industrial.

Mas, apesar do Banco estar legalmente obrigado a proteger o ambiente, e a tentar aliviar a pobreza, o painel descobriu que as políticas impostas ao Congo estavam a ter os efeitos sociais e ambientais opostos:

– Uma área de 600.000 quilómetros quadrados (232.000 milhas quadradas) de floresta estava reservada para empresas madeireiras;

– O Banco falhou ao não contemplar pontos sociais e ambientais críticos;

– Ignorou entre 250.000 e 600.000 pigmeus que se crê viverem nas florestas congolesas, apesar da sua presença ser bem conhecida e estar bem documentada;

– Colocou os pigmeus numa situação de perigo potencial.

Existem criticas às reformas que o Banco impôs em troca dos empréstimos de mais de 450 milhões de dólares [cerca de 360 milhões de €]. Inicialmente, afirmou o painel, «o Banco providenciou [ao governo] estimativas de lucros de exportação das concessões de exploração florestal que se revelaram demasiado altos. Isto encorajou a que se desse especial atenção à reforma do sistema de exploração florestal à custa da procura de formas de usos sustentáveis das florestas, do potencial que as florestas possuem para as comunidades e da sua conservação.

«Na maior parte dos casos, os beneficiários destas reformas têm sido as empresas estrangeiras ou empresas locais controladas por estrangeiros», constata o relatório.

Numa análise sarcástica acerca do raciocínio económico do Banco, o painel afirmou que o Banco «distorceu o valor económico real das florestas do país» ao olhar apenas para os impostos e lucros que a crescente actividade industrial florestal poderia gerar. «Parece ter havido pouca acção para apoiar usos alternativos dos recursos florestais», disse.

O grupo viajou para o interior profundo da floresta com a finalidade de obter provas das comunidades dos pigmeus, as quais afirmaram que não foram consultadas antes do Banco ter lançado as suas vastas reformas de exploração florestal.

Um líder dos pigmeus disse ao painel: «Estão a empobrecer-nos a todos os níveis… as companhias [madeireiras] impedem­‑nos de ir para as florestas». Outro disse que a companhia já havia comprado as terras para que as pessoas não pudessem ir mais para as florestas.

«As estradas estão a entrar cada vez mais para o interior das florestas, abrindo-as. Cada vez mais estamos a ser privados da nossa comida e medicamentos. Nunca vimos nada do Banco a não ser promessas», afirmou um terceiro.

O ano passado, investigações efectuadas por grupos não governamentais mostraram que 12 empresas detidas ou controladas por estrangeiros foram encorajadas pelo Banco a dominarem toda a indústria. Algumas possuíam concessões de mais de 5 milhões de hectares e todas incluíam comunidades de pigmeus nas suas possessões. O governo está a rever a legalidade de muitas destas concessões.

Ontem, grupos internacionais que trabalharam com comunidades congolesas afirmaram que se encontravam chocados com as descobertas feitas pelo painel.

«Os pigmeus têm de estar inteiramente envolvidos no desenvolvimento de quaisquer planos futuros para a floresta, e o Banco precisa de encontrar meios de os ajudar a fazer valer os seus direitos, ao invés de ajudar empresas madeireiras a destruí-los», afirmou Simon Counsell, Administrador da Rainforest Foundation [Fundação Floresta Tropical].

«O Banco Mundial deve mudar urgentemente as suas políticas florestais. A exploração industrial de florestas não está a contribuir para a redução da pobreza, ao passo que a sua expansão mina benefícios financeiros futuros por serviços ambientais», afirmou Staphan Van Praet, o defensor da floresta africana, da Greenpeace International.

A pobreza aumenta em Portugal (apesar das mentiras oficiais)

Chamam-lhe "risco de pobreza", refiro me aos 18% de portugueses que ganham igual ou menos de 366 euros mensais, mas que o governo não quer chamar pobres. Eu chamo-lhe: MISÉRIA.E o número de 18% escamoteia que há outros mais de 21% que, oficialmente, são considerados pobres. O que somado significa que 40% dos portugueses vivem com igual ou menos de 366 euros, uma quantia miserável para sobreviver, mas que os burocratas no INE e nos Ministérios não entendem como trágico e extremamente injusto (e ainda se vangloriam disso). Pois, claro... não são eles que têm de sobreviver nessas condições. Quero fazer aqui justiça a esses 40% de portugueses que sofrem todos os dias só para continuarem vivos dizendo: sim, falamos de 40% de portugueses pobres a quem o governo burguês neo-liberal PS-PSD (com a ajuda do CDS às vezes) não dá nenhuma oportunidade de uma vida digna. Isto é o capitalismo, sem mascara, com todo o seu desprezo pelo povo português humilde e trabalhador.Aqui fica mais um retrato cru dessa pobreza esquecida no Portugal profundo:

Qual é o preço da democracia?


Enquanto o mundo comemorava a virada do ano, trinta mulheres e crianças foram queimadas vivas em uma igreja quando procuravam refúgio, no Quênia. Elas foram algumas das vítimas de uma guerra sangrenta e desoladora que está atingindo o Quênia.
Essa guerra está acontecendo desde que Mwai Kibaki, da etnia kikuyu, venceu as eleições presidenciais sob suspeita de fraude. Com a desconfiança do povo queniano, justificada por Samuel Kivuitu, presidente da Comissão Eleitoral do Quênia, que admitiu ter anunciado os resultados pela pressão vinda do presidente do Partido da Unidade Nacional, protestos estão acontecendo e sendo violentamente reprimidos.Citação da Rádio KochFM, rádio comunitária do Quênia na África: "A grande pergunta, obviamente, qual o custo da democracia? O que podemos exigir das pessoas que perderam a fé nos fundamentos constituicionais garantidos pela constituição. Estes que estão tomando as ruas claramente mostram que não acreditam que o poder Judiciário Queniano tenha capacidade de resolver questões relativas a suposta fraude eleitoral."
Nesse momento as pessoas e a mídia estão sendo reprimidas pela força do Estado e da violência, qualquer solidariedade é bem recebida. Aqui estão alguns pedidos de ajuda do Quênia.

Urgente! Imigrantes estão a ser deportados do CIT do Porto



Seis dos 23 marroquinos que em meados de Dezembro alcançaram a costa algarvia (muitos deles em condições de saúde precárias) já não se encontram no centro de detenção (Rua Barão de Forrester). Mais quatro serão esta madrugada expulsos. O processo de repatriação está a ser conduzido completamente à margem da lei, não tendo a advogada dos imigrantes sido informada do sucedido. O ministro da administração Rui Pereira já havia declarado a intenção de expulsar os 23 cidadãos marroquinos. Em declarações ao jornal Portugal Diário, Rui Pereira afirmou que «O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras tem desenvolvido todos os esforços no sentido da identificação dos cidadãos que imigraram ilegalmente para o nosso país e aquilo que foi decretado judicialmente foi que fossem expulsos». Tal, constitui uma questão de coerência com «uma política global de imigração» que aceita a imigração legal, considerando-a «como uma janela de oportunidades para o desenvolvimento dos países de origem e de destino», mas que combate a imigração ilegal, «associada a fenómenos humanitários gravíssimos». Podemos assim concluir que as imperativas necessidades que fomentam o fenómeno migratório – a fuga às guerras, à pobreza, à repressão, à destruição de recursos naturais e às condições de miséria que alimentam as contas bancárias das grandes empresas e investidores transnacionais –, bem como o livre exercício do direito à mobilidade são factores que não devem determinar uma política migratória responsável. Leia-se, que vise combater a imigração ilegal, que «está associada a fenómenos humanitários gravíssimos». De referir que esta decisão ocorre poucos dias após a realização da 23ª Cimeira Ibérica, na qual os governos espanhol e português decidiram criar parcerias no combate à imigração dita ilegal. O primeiro-ministro espanhol José Luís Zapatero havia dias antes assinado um acordo com a França e com a Itália que prevê a expulsão conjunta de imigrantes. O estranho facto de assistirmos à violação da lei por parte da sua instituição criadora (o estado, em nome dos seus interesses, viola-se a si mesmo) é o indício de um estado de excepção que se torna cada vez mais permanente nas nossas vidas. São demasiados os exemplos históricos de cessação de direitos, liberdades e garantias que, por métodos mais ou menos mediatos, se foram alargando à generalidade das pessoas. Hoje são os ilegais, os clandestinos, os magrebinos, os africanos, os chineses, os de leste, os pobres, os não rentáveis economicamente. Amanhã, seremos nós? Noticia tirada do indymedia. Jornada Europeia de Mobilização contra os Centros de Detenção - Ninguém é Ilegal!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Conversa _A Insurreição de 18 de Janeiro_ Espaço Musas ( Porto )


Conversa e Jantar no Espaço Musas: "A insurreição de 18 de Janeiro: Cercados e perseguidos" Dia 19 de Janeiro - Sábado - 17:30 h Conversa sobre a insurreição de 18 de Janeiro de 1934 na Marinha Grande, com a presença de dois elementos do colectivo «Luta Social» de Lisboa."Os anos '30 assistiram à perda definitiva da hegenomia da Confederação Geral do Trabalho (CGT) sobre o movimento operário português e ao fim do sindicalismo revolucionário e do anarco-sindicalismo como força ideológica mobilizadora entre os trabalhadores. A análise histórica deste processo passou por conhecermos o posicionamento estratégico do orgão confederal face ao movimento militar do 28 de Maio de 1926 bem como os problemas com que a organização sindical se deparou até ao malogrado 18 de Janeiro de 1934.[...]" (extracto do texto "Cercados e Perseguidos:a Confederação Geral do Trabalho (CGT) nos últimos anos do sindicalismo revolucário em Portugal (1926-1938"; Guimarães, Paulo; 2004; Évora)Espaço MusasRua do Bonjardim, 998 (metro: Faria Guimarães)(mapa: http://musas.pegada.net/wp-content/uploads/2006/03/mapa.jpg)Organização: Círculo Anarquista Libertário do Porto.

Encontro de Rádios Livres_ 1 a 6 Fevereiro_ Brasil


Vamos fazer e ouvir rádio livre o tempo todo, acampando ao redor da Muda, decretando a praça do ciclo básico zona liberada para propostas e ações diversas! Pretendamos que encontros aconteçam em programas, e programas aconteçam no encontro. Simultaneamente o Carnaval de Barão Geraldo vai estar pegando fogo, com seus blocos tradicionais e folias para todos os estilos... A TV Piolho, canal 20 UHF, também participará do encontro: TV LIVRE! No geral, o próprio encontro vai ser um experimento de recombinações, de diferentes maneiras de se relacionar com o espaço, o tempo, o ambiente, o espectro eletro-magnético, a eletricidade, os transistors, bits, circuitos, água, sol, fogo, terra, corpos em geral... A proposta é que a gestão de todos os aspectos de nossa experiência em conjunto seja compartilhada por todos os participantes : rangos, moradias, banheiros, lixo, programaçÃo, rádio, doideras, carnaval. Baixe e imprima o Manual de Operações para saber quais são os instrumentos, dispositivos e ferramentas úteis e necessárias para sobreviver no Encontro. *GradeDoEncontro : A grade de horários está em aberto para ser preenchida com propostas de atividades. A idéia é que os debates, oficinas e demais tipos de comunicações sejam realizados no estúdio para serem transmitidos. GRADE DA RÁDIO=GRADE DO ENCONTRO . traga seu radinho, walkman, ipobre, orelhinha, microsystem...

Sócrates acha que os portugueses são parvos


Raramente os formalismos da conversa dos deputados na Assembleia foram tão ridículos como no dia em que Sócrates anunciou a ratificação do Tratado Europeu por via parlamentar. Um contraste de palhaçada entre, por um lado, aqueles “vossa excelência” a que os obriga o regulamento e, por outro, a aldrabice pegada das justificações do primeiro-ministro para não fazer o referendo. O argumento de Sócrates foram dois. Primeiro, a mentira de que o Tratado Europeu é “diferente” da chumbada Constituição Europeia de há dois anos. Sabemos que o conteúdo é praticamente o mesmo, que tiraram o hino e a bandeira e pouco mais; o essencial mantém-se e só lhe mudaram o nome para, com esta finta jurídica, confirmarem o que já se sabia: a Europa do capital tem medo da opinião dos povos como o diabo da cruz. A segunda razão – já aflorada por Mário Soares e confirmada na Quadratura do Círculo por Jorge Coelho em nome do PS – é a de que “não se pode referendar um documento tão extenso e tão complexo”. O que eles querem dizer é que, para maginalizar os eleitores, basta arranjar maneira de complicar o paleio “técnico” das leis e dos tratados, e reservar assim para os “especialistas” decisões que têm a ver com a vida de todos. Esta não é a primeira aldrabice do governo de Sócrates, longe disso, e certamente não será a última. Mas é especialmente nojenta porque é descarada e é atirada como um insulto explícito à inteligência dos eleitores. Estamos daqui a ouvir os telefonemas dos “patrões” Angela Merckel, Sarkozy e Brown: “Tu vê lá o que é que arranjas. Tens a certeza de que ganhas o referendo?” E o outro, do lado de cá: “Nem por isso. Temos, há vários meses, um grupo de assessores a analisar as probabilidades. Esta gentalha (a gentalha somos nós) não percebe nada do Tratado, mas… como está muito zangada com o governo por outros motivos, era capaz de chumbar o Tratado só para correr connosco”. E a questão ficou decidida: “Então trata lá de acabar com isso.” A União Europeia em todo o seu esplendor. Sócrates e o PS em todo o seu esplendor. Estamos a falar, agora, sobretudo da questão do estilo. Já sabíamos que esta Europa nada tem a ver com os interesses dos trabalhadores, antes pelo contrário; é uma caminhada na unificação e no reforço do grande capital europeu, feita à revelia de quaisquer princípios democráticos. Já sabíamos que esta Europa é um negócio em que os governos, por meio de uma sucessão de mentiras como a do Tratado – ou como a outra, mais antiga, da “Europa connosco” de Mário Soares –, vão servindo de biombo à total hegemonia dos grandes interesses privados sobre as nossas vidas quotidianas. E, se não sabemos, devíamos saber que a única Europa que nos interessa é a que há-de unir as grandes massas de gente que nela trabalha e sofre. Mas, o que nos disseram ontem estes empregados do capital foi que já não precisam da “mística” europeia para nada. Foi o que significou Sócrates com aquele sorriso cínico. Acabou-se o “envolvimento ideológico” democrático da Europa, às urtigas as estrelinhas e o Beethoven. “Vocês estão de rastos, protestam com isto e aquilo, os centros de saúde, as cêntimos dos reformados, os 600 mil desempregados, os dois milhões de pobres, mas deixam-se comer dois dias depois e a gente continua. Se for preciso ainda votam em nós outra vez, porque não há mais ninguém”. Serve para quê o ar indignado de Suas Excelências os deputados do PC e do BE? Serve para quê o “mecanismo democrático” da moção de censura do Bloco? Sabem para que serve? Para dizer à gente: “Estejam quietinhos que estas coisas resolvem-se aqui, com estes mecanismos”. Faz parte do espectáculo. Onde está o povo furioso, roubado, espoliado e aldrabado? Quando é que vamos decidir-nos a varrer este lixo da porta da nossa casa? Estamos zangados? Estamos, sim senhor. Então, e o que vamos fazer com esta zanga? Entregar a chave da casa assaltada ao ladrão que vier a seguir?

QUEM É "TERRORISTA" ?


Como eu havia previsto que ela faria, a mídia corporativa conservadora de direita, alinhada automaticamente a Washington, está tentando transformar num limão a limonada da intermediação de Hugo Chávez que permitiu a libertação de reféns da guerrilha colombiana (as Farc). Chávez, que não retrocede um milímetro em suas idéias nem que seja para faturar politicamente, abandonou o confortável silêncio em que poderia ter-se encerrado depois da vitória política que conseguiu com a libertação das reféns e pediu ao mundo que deixe de qualificar as Farc como grupos terroristas. Prato cheio para a mídia. Logo começaram a pulular considerações de penas-pagas (em dólares?) da imprensa lembrando dos maus tratos e dos seqüestros praticados pela guerrilha colombiana dizendo que Chávez estaria defendendo "delinqüentes". Nada a favor das Farc. Estive na Colômbia em outubro do ano passado e passei um aperto durante uma inadvertida viagem de ônibus que fiz entre Bogotá e Bucaramanga. O veículo foi parado pela guerrilha no meio do caminho para ser "inspecionado". Não sei o que os guerrilheiros buscavam, mas disseram-me - e eu acreditei - que eram estrangeiros, que "apeteceriam" à guerrilha porque podem ser usados para negociar com o governo colombiano. Contudo, se querem considerar as Farc um grupo terrorista porque seqüestra e mantém os seqüestrados em condições "desumanas" - ainda que as cativas libertadas na semana passada não parecessem maltratadas -, por que não qualificar o governo americano de "grupo terrorista"? Não faltam relatos de atrocidades cometidas pelos americanos ao redor do mundo. Mas são nas ações de seqüestro e tratamento desumano, de que acusam as Farc, que os americanos têm se mostrado hors-concours, sem prejuízo das ações de terrorismo, como matar centenas e centenas de milhares de mulheres e crianças no Iraque, no Afeganistão etc. Nas fotos acima, pode-se ver alguns dos atos do terrorismo americano. São fotos das torturas nas masmorras de Abu Ghraib (à esquerda), no Iraque, e em Guantánamo (à direita), em Cuba. Sobre Guantánamo, vale lembrar que os penas-pagas acusaram as Farc de manterem os cativos militares em condições desumanas porque os fazem dormir acorrentados. Acredito que os prisioneiros dos americanos em Guantánamo trocariam com prazer suas jaulinhas por correntes... Assim é quando a imprensa se dedica à política em vez de a fazer jornalismo. Passa a olhar a realidade com uma lente enviesada. Usa pesos e medidas estabelecidos fora das redações. Desinforma, mente. E gera essa montanha de energúmenos que lemos todos os dias nas colunas de leitores e nos comentários de blogs e sites. Chávez está certíssimo. Se querem chamar as Farc de terroristas, não podem deixar de usar a mesmíssima classificação para o governo americano e para toda a parcela do povo americano que apoiou e apóia aquele governo a despeito das atrocidades que comete ao redor do mundo.

A primeira vitima de uma criança-soldado...


[Barcelona] Começou o julgamento de 4F - Juan, Alex e Rodrigo não estão sozinhos!

Em Barcelona começou na passada manhã de dia 7 de Janeiro o julgamento das pessoas processadas pelos acontecimentos de 4 de Fevereiro de 2006, o qual durará até à próxima sexta-feira. Depois de quase 2 anos de prisão preventiva injustificada, Alex, Rodrigo e Juan enfrentam uma acusação por parte do “fiscal” (ministério público) com uma petição de 11 anos de prisão. Devido à grande quantidade de irregularidades na fase de instrução do processo, negando qualquer direito de defesa para os acusados, optou-se por convocar pessoas relacionadas com a defesa dos direitos humanos, para que assistissem ao julgamento como observadores. Entre eles encontravam-se um membro do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos do comité de Haia, uma representante da linha fundadora das “Madres de la Plaza de Mayo” uma pessoa da comissão de defesa do Colégio de Advogados de Barcelona, membros do Observatório do Sistema Penal e dos Direitos Humanos da Universidade de Barcelona, o director do “Justiça e Paz”, assim como representantes de várias organizações de defesa dos Direitos Humanos, tanto catalãs, como argentinas ou chilenas. Também assistiram ao julgamento representantes da embaixada Chilena e do consulado Argentino. Pelas 9 da manhã foram chegando à sede da Audiência Provincial os familiares dos 3, amigos e as pessoas que vieram como observadores internacionais, chegando-se a contar mais de 100 pessoas. Cabe também destacar que durante a manhã acudiram à audiência um grande número de meios de comunicação convencionais. Depois das 10 procedeu-se à entrada na sala, mas devido à grande quantidade de gente que acudiu para apoiar os rapazes, e porque a sala não era a maior do tribunal, muita gente ficou à porta. Um grupo de estas pessoas subiu à sala de imprensa para poder ouvir o julgamento mas foram expulsos por polícias da “Guardia Civil” e dos “Mossos d’Esquadra”, incluindo a membros de meios de comunicação alternativos ou de contra-informação, por não estarem acreditados. Na sessão de hoje leram-se os escritos da acusação, tanto o do fiscal, como os das acusações particulares; e os das defesas. A petição da pena do fiscal foi de 11 anos de prisão e uma indemnização de 520.000 euros para Alex, Rodrigo e Juan, assim como penas que oscilam entre os 2 e 4 anos de prisão para as outras 6 pessoas implicadas. Ainda assim cabe destacar que no escrito de acusação do “Ayuntamento de Barcelona” (câmara municipal) se pediam penas maiores que chegam aos 12 anos para os 3 rapazes. O advogado do Rodrigo, como questão prévia, solicitou que se excluísse o Ayuntamento como parte do processo, devido a que carece de legitimidade para sê-lo. No entanto, este pedido foi recusado pelo tribunal. Posteriormente Alex, Rodrigo e Juan realizaram de uma maneira firme e coerente as suas declarações, através das quais deixaram bem claro que a versão da acusação é uma montagem, já que eles estavam de passagem, e ao ver o que se passava e serem perseguidos pela polícia, fugiram até serem imobilizados e golpeados. Da mesma forma, as outras 6 pessoas implicadas também se declararam inocentes. Quatro deles declararam que depois de sair da casa da rua San Pere mes baix, e sem realizarem nenhuma acção contra os policias da “Guardia Urbana”, tentaram ir-se embora e foram detidos e golpeados. As duas pessoas restantes foram detidas no Hospital del Mar, quando aí se deslocaram para curar ferimentos produzidos num acidente de bicicleta. O julgamento continuará hoje, dia 8, com a declaração por parte dos agentes da Guardia Urbana que se encontravam na rua San Pere mes baix no dia dos acontecimentos. Cabe ainda recordar que é fundamental que se apoie estes 3 rapazes para evitar que o tribunal acabe por os condenar, e aos seus familiares e amigos suportando tudo o que supõe a sua prisão. Desde a Assembleia de apoio, que recentemente (22 de Dezembro) promoveu uma manifestação que juntou cerca de 200 pessoas e onde se realizaram vários acções de pintura e visibilização do caso pela baixa de Barcelona; convocou-se para sexta-feira, dia em que acaba o julgamento, para um pequeno-almoço-concentração à porta da Audiência provincial, situada no Arco do Triunfo em Barcelona.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Jantar vegetriano no CCL_ 19 de Janeiro_ Almada


O Centro de Cultura Libertária convida-vos para um apetitoso jantar vegetariano a realizar no CCL, no dia 19 de Janeiro (Sábado), pelas 20 horas.O preço indicativo é de 2,5 euros, e destina-se à aquisição dos materiais necessários para pôr um colectivo de serigrafia a funcionar no Centro. Quem não tiver dinheiro, é claro, não deixará de comer.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Que conseguiram os zapatistas?


Em 1 de Janeiro de 1994, o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) dirigiu uma insurreição em San Cristóbal de las Casas, no estado de Chiapas no México. Catorze anos depois, o EZLN realizou um colóquio internacional entre 13 e 17 de Dezembro de 2007 na mesma cidade sobre o tema “Planeta Terra: Movimentos Anti-sistémicos” – uma espécie de levantamento, tanto global quanto local, dos seus objectivos. Participei neste colóquio, como o fizeram muitos outros activistas e intelectuais. No decurso dele, o subcomandante Marcos deu uma série de seis palestras, que estão disponíveis na Internet [1].

Num certo sentido, o que todos perguntavam, incluindo Marcos, é o que conseguiram os zapatistas e quais são as perspectivas futuras dos movimentos anti-sistémicos – em Chiapas e no mundo? A resposta a esta questão não é simples.

Vamos começar a história em 1 de Janeiro de 1994. O dia foi escolhido para o início da insurreição porque era o dia em que entrava em vigor o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA). A palavra de ordem nesse dia era ¡Ya basta! (“Já Chega!”) Os zapatistas estavam a dizer desde o início que o seu protesto de cinco séculos contra a injustiça e a humilhação, e a exigência de autonomia, estava ligado hoje organicamente à luta mundial contra o neoliberalismo e o imperialismo, do qual o NAFTA era ao mesmo tempo uma parte e um símbolo.

Recordemos que Chiapas é talvez a mais pobre região do México e a sua população compõe­‑se esmagadoramente dos chamados povos indígenas. O primeiro bispo católico de Chiapas foi Bartolomé de Las Casas, um padre dominicano do século XVI que dedicou a sua vida à defesa vigorosa (diante da Igreja e da monarquia espanhola) do direito dos indígenas a terem um tratamento igual. Dos dias de Las Casas até 1994, os indígenas nunca viram esse direito reconhecido. O EZLN decidiu tentar métodos diferentes. Obtiveram sucesso? Devíamos olhar para o impacto do movimento em três arenas: no México como arena política; no sistema­‑mundo como um todo; na esfera da teorização sobre os movimentos anti-sistémicos.

Primeiro o México: a insurreição armada, como táctica, foi suspensa ao fim de cerca de três meses. Nunca foi retomada. E é claro que não será a menos que o Exército mexicano ou os paramilitares de direita ataquem maciçamente as comunidades autónomas zapatistas. Por outro lado, o acordo de trégua firmado com o governo mexicano – os chamados Acordos de San Andrés que reconheceram a autonomia das comunidades indígenas – nunca foram implementados pelo governo.

Em 2001, os zapatistas lideraram uma marcha pacífica pelo México até à capital, esperando com isso forçar o Congresso mexicano a legislar o essencial dos acordos. A marcha foi espectacular, mas o Congresso mexicano não agiu. Em 2005, os zapatistas lançaram «a outra campanha», um esforço para mobilizar uma aliança dos zapatistas com grupos de outras províncias, com objectivos mais ou menos semelhantes – de novo espectacular mas que não mudou as políticas do governo mexicano.

Em 2006, os zapatistas rejeitaram frontalmente apoiar o candidato de centro-esquerda à presidência Andrés Manuel López Obrador, que disputou uma eleição apertada contra o proclamado vencedor, o muito conservador Felipe Calderón. Foi esta acção que causou mais controvérsia entre os simpatizantes zapatistas no México e no mundo, muitos dos quais sentiram que essa decisão custou a eleição a Obrador. A posição zapatista derivou do seu profundo sentimento de que política eleitoral não compensa. Os zapatistas têm sido críticos de todos os presidentes de centro-esquerda na América Latina, de Lula no Brasil a Chávez na Venezuela, apontando que todos são movimentos de cima para baixo, que nada de fundamental mudaram na base da maioria oprimida. O único governo latino-americano de que os zapatistas falam bem é o de Cuba, porque é o único que eles consideram verdadeiramente anti­capitalista.

Por outro lado, no México, os zapatistas conseguiram estabelecer uma autonomia de facto das comunidades indígenas que funciona bem, apesar das perseguições e ameaças constantes do Exército mexicano. A sofisticação política e determinação destas comunidades é impressionante. Será que isto vai durar na ausência de mudanças políticas sérias no México, especialmente à luz das pressões crescentes sobre os direitos dos índios a controlarem as suas próprias terras? Este é um assunto ainda por resolver.

A imagem no cenário mundial é de certa forma diferente. Não há dúvida de que a insurreição zapatista de 1994 se tornou uma importante inspiração para os movimentos anti-sistema em todo o mundo. É inquestionavelmente um momento-chave no processo que levou às manifestações de 1999 em Seattle que causaram o fracasso da reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), um fracasso do qual a OMC nunca se recuperou. Os zapatistas podem reclamar algum crédito pelo facto de hoje a OMC se encontrar semi­‑moribunda, como resultado de um impasse Norte-Sul.

Seattle, por seu lado, levou à criação em 2001 do Fórum Social Mundial (FSM), que se tornou o principal ponto de encontro dos movimentos anti-sistémicos do mundo. E se os próprios zapatistas nunca foram a qualquer reunião do FSM porque tecnicamente são uma força armada, permaneceram um movimento ícone dentro do FSM, uma espécie de força inspiradora.

Desde o início, os zapatistas disseram que o seu objectivo e preocupações eram de âmbito mundial – intergaláctico, no seu jargão – e ofereceram apoio e pediram activamente apoio a movimentos em todo o lado. Tiveram muito sucesso. E se algum apoio mundial começou a sofrer de fadiga, o colóquio de Dezembro de 2007 foi claramente uma tentativa de ressuscitar estas alianças.

De muitas formas, contudo, a contribuição mais importante dos zapatistas – e a mais contestada – foi no âmbito teórico. Foi surpreendente que Marcos dedicasse a primeira das seis palestras dadas em Dezembro à importância de teorizar nas ciências sociais. Que dizem os zapatistas sobre a forma como analisam o mundo?

Em primeiro lugar, eles enfatizam que a primeira coisa que está errada no mundo de hoje é que se trata de um mundo capitalista, e que a primeira coisa a mudar é isso, algo que eles insistem que vai exigir uma luta a sério. Ora os zapatistas não são certamente os primeiros a defender isto. Que acrescentam a isto? Eles são parte de uma visão pós­‑1968 de que as análises tradicionais da Velha Esquerda eram demasiado estreitas, por parecerem enfatizar apenas os problemas e as lutas do proletariado industrial urbano. Marcos dedicou toda uma palestra às lutas das mulheres pelos seus direitos. Dedicou outra à importância crucial do controlo da terra pelos trabalhadores rurais do mundo.

E, de forma bastante surpreendente, fez várias palestras sob a rubrica «nem centro nem periferia» – rejeitando a ideia da prioridade para um ou para outro, tanto em termos de poder quanto em termos de análise intelectual. Os zapatistas proclamam que a luta pelos direitos de cada grupo oprimido é igualmente importante, e é preciso travar a luta em todas as frentes ao mesmo tempo.

Eles também dizem que os próprios movimentos precisam ser internamente democráticos. O lema é «mandar obedecendo», que poderia ser explicado por “dirigir obedecendo às vozes e desejos dos liderados”. Isto é fácil de dizer e difícil de fazer, mas é um grito contra o verticalismo histórico dos movimentos de esquerda. Isto leva­‑os a um “horizontalismo” nas relações entre os diferentes movimentos. Alguns dos seus seguidores dizem que se opõem a jamais tomar o poder de Estado. Apesar de serem profundamente cépticos em relação a tomar o poder de estado via o “mal menor”, admitem fazer excepções, como no caso de Cuba.

A insurreição zapatista foi um sucesso? A única resposta está na história apócrifa sobre a resposta que Zhou En­‑lai supostamente deu à pergunta: “O que acha da Revolução Francesa?” Resposta: “É muito cedo para dizer”.

Uma outra Colômbia é possível


Lembro­‑me da preocupação de Garcia Marquez – quando via o que estava a acontecer na Argentina, por volta de 1977 – de que a Colômbia não se transformasse numa outra Argentina. Ele ainda não havia recebido o Prémio Nobel, elevando o nome do país à escala mundial, para que se desse conta do caminho em que havia enveredado a Colômbia.

Três décadas depois, a Colômbia continua a ser um dos epicentros da “guerra infinita” do governo Bush. Álvaro Uribe é produto dessa política, o aliado mais estreito, dos poucos com que conta a política belicista de Washington na América Latina. Uribe foi eleito com a promessa da famosa “mão dura”, a busca de uma solução “iraquiana”, “bushiana”, para a Colômbia, considerando que as tentativas dos presidentes anteriores de pacificação mediante negociações haviam fracassado.

Um país cansado da violência viu um presidente conivente com os grupos paramilitares – e, através deles, com os cartéis do narcotráfico – concentrar os recursos militares colocados à sua disposição pelo governo estadunidense, em operações militares, supostamente como via de triunfo da democracia no país. O isolamento das guerrilhas favoreceu a consolidação de Uribe que – tal como outros presidentes neoliberais do continente, como Fujimori e Cardoso – mudou a Constituição do país durante seu mandato, para se reeleger – e agora tenta conseguir um terceiro mandato.

Fez uma política interna ortodoxamente neoliberal, sem se dar conta do seu esgotamento em todos os países do continente. Levou à prática uma política repressiva que afectou claramente os direitos democráticos da população, contando – como acontece com todas as políticas anti­‑populares no continente – com o apoio da grande mídia oligárquica. Isolou-se dos processos de integração regional, tentou assinar um tratado de livre comércio com os EUA, só não conseguindo pelas restrições que o Partido Democrata levantou sobre as precaríssimas condições dos direitos humanos na Colômbia sob a sua presidência.

Uribe não quer que se concretize a troca entre prisioneiros das FARC por prisioneiros do seu governo. O seu apoio interno depende da diabolização das FARC, que lhe permite aparecer como o homem da “ordem”. Quando foi reeleito, Uribe teve como principal opositor Carlos Gaviria, candidato do Polo Democrático, partido de esquerda, que desbancou os partidos Liberal e Conservador, apresentando-se como a maior ameaça à continuidade de Uribe. Nas recentes eleições municipais, de Outubro, o governo perdeu nas principais cidades – como Bogotá, novamente conquistada pelo Polo Democrático, Medellin e Cali – para candidatos de esquerda. Revela­‑se assim como nas políticas governamentais em geral Uribe – que apoiou os candidatos perdedores – não conta com apoio popular, precisando da polarização com as guerrilhas para tentar perpetuar­‑se na presidência do país. Uribe nasceu da violência e sabe que a sua sobrevivência política depende de que a violência não termine.

A tentativa de desbloquear a proposta das FARC de troca de presos da guerrilha por presos do governo revela o papel de cada governo do continente, mostra quem quer soluções pacíficas, democráticas, para as crises e quem deseja perpetuar a espiral de violência na Colômbia. A situação pôde ser desbloqueada graças à actuação do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Quando o processo avançava, Uribe usou um pretexto secundário para excluir Chavez da negociação, sabendo que a intermediação deste já havia demonstrado a credibilidade necessária para que o acordo pudesse avançar. Conta com a confiança dos familiares dos presos, com interlocução com as FARC, com capacidade de iniciativa e com a simpatia de sectores políticos democráticos da Colômbia e de muitos governos da região.

As FARC recolocaram o presidente venezuelano nas negociações, a contragosto de Uribe, dispondo­‑se a entregar três dos detidos a Chávez, como forma de desagravo a este, pela atitude arbitrária do presidente colombiano. Esse primeiro gesto, que abre caminho para que todos os presos possam ser trocados, permitiu que Chavez confirmasse toda a sua capacidade de iniciativa política e de mobilização de apoios, revelando o papel de cada um no continente.

Enquanto o governo estadunidense, o colombiano e toda a grande imprensa oligárquica faziam tudo o que podiam para que as negociações fracassassem, os governos da Venezuela, do Brasil, da Argentina, da Bolívia, de Cuba, do Equador – com apoio de governos europeus –, participam activamente do processo de pacificação e de libertação dos presos dos dois lados. (A cobertura da imprensa brasileira é vergonhosa, sem que nenhuma publicação escrita tivesse mandado jornalistas para fazer a cobertura directa na Colômbia.)

Nestor Kirchner e Marco Aurélio Garcia foram representar directamente os governos dos seus países, fazendo­‑se merecedores do apoio da esquerda e de todos os sectores democráticos que, no entanto, até aqui, assistem passivamente aos acontecimentos.

Revelando o seu compromisso consequente com a pacificação da Colômbia, primeiro passo para que uma outra Colômbia – sem violência, sem narcotráfico, sem paramilitares, sem sequestros – seja possível, Hugo Chavez dispõe­‑se a dar sequência às tratativas, apelando inclusive a operações clandestinas, com o objectivo de conseguir a liberdade dos presos.

Da sorte dessas negociações depende o destino e futuro da Colômbia. Um futuro de pacificação, soluções negociadas, democratização e integração continental ou a perpetuação do clima de violência e de guerra. Pela primeira alternativa está a grande maioria dos governos da região, que podem contar com a simpatia da maioria do povo colombiano, identificado com os familiares dos presos. Pela segunda, estão os EUA e o governo colombiano. Uma solução de libertação de todos os sequestrados aponta para uma outra Colômbia possível e necessária, para o seu povo e para todo o continente.

Censurado, de Brian de Palma


Diz-se que é um entre vários filmes que nos vão chegar dos EUA sobre o tema das guerras do Iraque e do Afeganistão. Era de esperar. Como de costume, a maior parte irá fazer jus à propaganda oficial, com os bons “libertadores” e os “maus” de faca nos dentes. Mas nos States, sempre que se manifesta algures no mundo o barbarismo da sua política imperial, aparecem algumas consciências humanistas do cinema que, com crueza e amor pela verdade, realizando filmes independentes e de baixo orçamento, nos dão uma visão bem diferente dessa propaganda oficial.

Recentemente estreado em Lisboa (Corte Inglês, Monumental) depois de ter sido visto pela primeira vez no Festival de Veneza deste ano (onde foi galardoado com o Leão de Prata para o melhor realizador), Censurado (Redacted) de Brian de Palma é um filme inovador, bem feito e emocionante que, com realismo documental, conta a história de um grupo de soldados estadunidenses na guerra do Iraque, em operação de vigilância na cidade de Samarra, fartos de uma estranha rotina de perigos e tensões em que tudo pode acontecer e (quase) nada acontece, ansiosos por voltarem para casa, mobilando o vazio com o instinto de morte que lhes meteram na cabeça.

Simulando a utilização de imagens vídeo, de posts de blogues ou do YouTube, de câmaras de vigilância e, por vezes, dos médias cuja presença inesperada nas cenas de repressão e de grande sofrimento nos parece estranha porque o normal é estarem ausentes, o filme baseia-se num episódio real: alguns soldados decidem voltar a uma casa onde haviam feito uma incursão para prender supostos resistentes e violar uma menina de 15 anos, acabando por matar a sangue frio a pobre violada e toda a família. Um dos soldados, que aspira a tirar um curso de cinema, filma tudo, antes, durante e depois, incluindo as discussões entre eles.

É este soldado que, em retaliação pelo crime, é raptado por “resistentes” em plena cidade, decapitado “em directo” e, depois, o seu corpo devolvido com a cabeça pousada em cima. Durante todo o filme, é patente a oposição surda da população iraquiana, uma espécie de ameaça permanente que ronda cada gesto ou não­‑gesto dos ocupantes. Mas a verdade é que o rapto e a decapitação do soldado-cameraman é o único acto concreto e visível que nos é dado como símbolo da resistência candestina (se exceptuarmos a explosão de uma mina numa lixeira que, matando um sargento, desencadeia todo o processo). Ou seja, o filme ignora – talvez porque o realizador também ignora – a concreta realidade da resistência, da sua organização e dos seus métodos de actuação. Como confirmam múltiplas declarações públicas, os resistentes iraquianos recusam e denunciam os atentados terroristas e os barbarismos que lhes atribui a propaganda pró-ocupação: «A resistência vive mergulhada e actua no seio da população civil, por ela protegida e ajudada, e luta por um Estado democrático. Os métodos terroristas são métodos de gente isolada e retrógrada, que só entrou no Iraque pela mão dos estadunidenses».

Falta, portanto, nesta história bem contada, um dado essencial para compreendê-la. É pena. Porque se trata de um belo filme, empenhado e bem esclarecedor do beco sem saída em que são metidos estes jovens mercenários brutais e inconscientes. E porque, assim o quis o realizador, o filme engloba na sua acusação os médias do sistema que nos contam todos os dias uma outra história. Ficção, é a notícia. Real, é esta ficção.

IMPACTOS SOBRE O MEIO AMBIENTE DO USO DE ANIMAIS PARA ALIMENTAÇÃO


Não há como fechar os olhos para o fato de que cada hambúrguer, nugget, salsicha e lata de atum provoca um impacto e um respectivo custo ambiental que aproximam a aventura do homem na Terra da bancarrota ecológica.


No Brasil, em média, um quilo de carne bovina é responsável por: ? 10 mil metros quadrados de floresta desmatada ? consumo de 15 mil litros de água doce limpa ? emissão de dióxido de carbono diretamente na atmosfera ? emissão de metano na atmosfera ? despejo de boro, fósforo, mercúrio, bromo, chumbo, arsênico, cloro entre outros elementos tóxicos provenientes de fertilizantes e defensivos agrícolas, que se infiltram no solo e atingem os lençóis freáticos ? descarte de efluentes como sangue, urina, gorduras, vísceras, fezes, ossos e outros, que acabam chegando aos rios e oceanos depois de contaminarem solo e aqüíferos subterrâneos ? consumo de energia elétrica ? consumo de combustíveis fósseis ? despejo no meio ambiente de antibióticos, hormônios, analgésicos, bactericidas, inseticidas, fungicidas, vacinas e outros fármacos, via urina, fezes, sangue e vísceras, que inevitavelmente atingem os lençóis freáticos ? liberação de óxido nitroso, cerca de 300 vezes mais prejudicial para a atmosfera do que o CO2 ? pesados encargos para os cofres públicos com tratamentos de saúde decorrentes da contaminação gerada pela pecuária ? gastos do poder público com infra-estrutura e saneamento necessário para equilibrar os danos causados pela pecuária ? custo dos incentivos fiscais e subsídios concedidos pelos governos estaduais e federal para a atividade pecuária. Tudo isso está presente em cada quilograma de alcatra, maminha, picanha e outros cortes, consumidos aos milhões no menu diário e nos churrascos domingueiros. E nada disso é computado no balcão do açougue. É importante observar que estes dados relativos à produção de 1 kg de carne de boi não são estimativas alarmistas; são constatações alarmantes de estudos científicos e dados oficiais. A criação de suínos, caprinos, bubalinos e ovelinos geram números semelhantes. Ou seja, a produção industrial de carnes é uma das fontes mais importantes de poluição do meio ambiente: exige áreas gigantescas, consome enorme volume de recursos naturais e energéticos, onera sensivelmente os cofres públicos, além de gerar bilhões de toneladas de resíduos tóxicos sólidos, líquidos e gasosos, que contaminam o solo, água, ar, plantas, animais e pessoas. A legislação brasileira é rigorosa em relação à poluição industrial. Porém, não há fiscalização para o setor pecuário: a aplicação das leis ambientais tornaria praticamente inviável a atividade. Se o governo brasileiro retirasse incentivos e subsídios, cobrasse impostos integrais e obrigasse a internalizar os custos energéticos, o uso de recursos naturais e os danos ambientais, cada quilo de alcatra custaria uma pequena fortuna! Você sabia que... ? A pecuária foi a principal causa da devastação da mata atlântica, da caatinga, do cerrado e agora da Amazônia? ? Que 1 Kg de carne bovina é responsável por 10 mil metros de floresta desmatada?e responsável pelo consumo de 15 mil litros de água doce limpa? ? Que o gado é responsável por 18% da emissão de gases capazes de destruir a camada de ozônio acelerando o aquecimento global? ? Enquanto pessoas passam necessidade, 70% da soja plantada no Brasil é para alimentação de gado? ? Que bilhões de animais são mortos de maneira cruel por dia por nossa vontade? ? Que a quantidade de proteína necessária ao corpo por dia é facilmente adquirida nas leguminosas, castanhas e frutas? ? Que para cada Kg de carne são necessários 15.000 litros de água e para cada Kg de cereal 1.300 litros? FONTES DA PESQUISA: No Brasil: Cetesb; IBGE; Instituto Akatu; Instituto Cepa; Instituto Nina Rosa; Instituto Peabiru; Instituto de Pesquisas Amazônicas (INPA); Instituto Socioambiental; ONG Repórter Brasil; Relatório Unesco para o Fórum Mundial da Água; Sabesp; WWF Brasil. No exterior: Conservation International; David Suzuki Foundation; Environmental Justice Foundation; FAO/ONU - Food and Agriculture Organization of the United Nations; Federação do Salmão-do-Atlântico; Greenpeace; Oxfam International; Relatório Our Food Our World ? The Realities of an Animal-Based Diet, da Earth Save Foundation; Worldwatch Institute. Documentário: Deep Trouble, da BBC. Livros: Amigo Animal: Reflexões interdisciplinares sobre educação e meio ambiente, ética, dieta, saúde, paradigmas, de Paula Brügger; Ecologia: Cuidar da Vida e da Integridade da Criação, do CESEP; Fundamentos do Vegetarianismo, de Marly Winckler. Artigo: Você já comeu a Amazônia hoje?, de João Meireles Filho.

Bali e a dúvida sobre os biocombustíveis


De acordo com Richard Black, da BBC,os tomadores de decisão no campo de mudanças climáticas tem pouca fé nos biocombustíveis, como uma tecnologia de baixa produção de carbono, diz a Uniao Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Em Bali, na Conferência Internacional sobre Clima, aparentemente os profissionais confiam mais nas bicicletas do que nos biocombustíveis. As conclusões vieram assim que os ministros se reuniram para as conversas finais na conferência. Os grupos de conservação destacaram o impacto da mudança do clima nos trópicos e Antartida. Negociadores europeus que se encontraram na conferência que durou 2 semanas esperam que a reunião lance um processo de 2 anos que leve para um próximo ciclo que irá ser implantado quando as propostas do protocolo de kioto expirarem em 2012. Thelma Krug, da delegação brasileira declarou em uma frase enfática o objetivo da reunião: ?Se ninguém demonstra vontade para lidar com a redução de emissão de carbono para um nível manejável, então, o que estamos fazendo aqui?? A dúvida que paira no ar é: quais seriam as tecnologias apropriadas para diminuir o efetito estufa? Na questão dos combustíveis, de 18 tecnologias sugeridas pela IUCN os biocombustíveis apareceram com baixo valor, tendo apenas 21% de confiança no tópico diminuição do nível de carbono na atmosfera sem efeitos colaterias inaceitáveis. Esta pesquisa foi feita com mil profissionais de 105 diferentes países. Aproximadamente o dobro mostraram-se confiantes na energia nuclear, enquanto a energia solar para produção de água quente e energia solar para produçao de eletricidade foram os com maior nível de aceptabilidade e confiança. A pesquisa envolveu pessoas de ONGs, governos e indústria. De maneira geral, os envolvidos na pesquisa disseram que aumentar a eficiência energética e reduzir a demanda poderiam produzir mais benefícios do que fontes de energia ?limpas? Embora a união européia e os Estados Unidos estejam investindo massivamente em biocombustíveis estudos mostram que estes talvez produzam apenas níveis marginais de redução de carbono se comparados com os convencionais diesel e petróleo. Há lugares como a Indonésia, por exemplo, onde florestas estão sendo derrubadas para dar espaço a plantações para produção de biocombustíveis como o óleo de palma. A proteção das florestas de forma a manter a biodiversidade intacta pode ser de maior relevância para o controle do efeito estufa. Duas apresentações nas reuniões paralelas de Bali deram destaque aos impactos da mudança climática na natureza. Os pesquisadores da Conservação Internacional (IUCN) coletaram dados do Painel Internacional de Mudanças Climáticas em 2007 e calcularam o que aconteceria nas áreas de proteção se as previsões do IPCC para os próximos 30 anos estiverem certas. Eles descobriram que mais da metade destas áreas ficariam vulneráveis com a mudança climática projetada em 21 países, mais da metade nos trópicos. De acordo com Sandy Andelman, diretora do IUCN na área de Ecologia Tropical,com estes dados assumiram que, se a terra é protegida, então as plantas e os animais vivendo nestas áreas persistiriam. Anajara Laisa Amarante, de Munique.

O FIM DO IMPÉRIO AMERICANO



Desde tempos imemoriais um império se define pela capacidade que uma tribo, cidade, ou nação tem de impor sua vontade aos outros povos. A submissão e a idéia imperial são incompatíveis. Não se domina pela subserviência. Os americanos já enterraram 700 bilhões de dólares no Iraque e não se pode dizer que tenham vencido a resistência iraquiana. Vários paises, inclusive do Oriente Médio, já começaram a usar o euro para suas transações internacionais. O declínio da importância militar e monetária dos EUA é evidente. Mas foi em 02/01/2008 que ocorreu o anúncio oficial do fim do Império Americano. Neste dia fatídico para os orgulhosos habitantes daquela porção do hemisfério norte o New York Times publicou a seguinte matéria: “... um alto funcionário de um banco estatal chinês advertiu que pode haver uma venda maciça de ativos cotados em dólares, com efeito desestabilizador, se o Banco Central americano continuar a reduzir os juros.” http://www.nytimes.com/2008/01/02/opinion/02wed2.html?_r=1&hp&oref=sloginQuando um país já não tem mais poder sobre sua própria política monetária e macroeconômica, quando seu destino está nas mãos alheias, sua soberania foi para o espaço e iluminou-o como o Challenger. Ao aderir incondicionalmente à invasão do Iraque, a Inglaterra atestou sua dependência política dos EUA. Agora o NYT anunciou delicadamente que os próprios EUA estão virando um apêndice da China em razão do poder que os chineses têm de ditar os juros que os americanos devem ou não pratica para continuar investindo em títulos do governo americano. O mundo dá muitas voltas. Do outro lado do planeta, os chineses fazem filas para realizar cirurgias estéticas para ficar parecidos com os ocidentais. Não deve demorar muito para que deste lado os norte-americanos iniciem filas nos consultórios dos cirurgiões para ficar parecidos com os chineses. Entretanto, se os primeiros ficam parecidos com os americanos estes acabarão semelhantes aos bolivianos.

O Peixe Morcego Vulcânico Cego