terça-feira, 4 de março de 2008

[Lisboa] Encontro/Conversa "A prostituição e o direito à maternidade"



Dia 8 de Março de 2008 - Dia Internacional da Mulher Encontro – Conversa sobre: A prostituição e o direito à maternidade Na igreja dos Anjos às 16h Desde 2005 que o cem - centro em movimento trabalha com a obra social das Irmãs Oblatas no âmbito dos seus projectos socio-artísticos com a comunidade. Depois de dois anos de aulas regulares de dança a um grupo de mulheres com idades entre os 30 e os 60 anos e histórias de vida que passam pela prostituição de rua e a toxicodependência, houve a possibilidade de criar colectivamente um pequeno filme sobre estas experiências. Deste primeiro filme feito no ano passado - aulas de dança cortadas ao meio, metade movimento/metade filmagens: câmaras nas mãos das mulheres, assuntos discutidos em conjunto “Concorda com a legalização da prostituição?” ou “O nosso bairro (Anjos) visto por nós...”, reflexão colectiva sobre o tipo de montagem – nasceu a ideia de continuar e de se fazer um novo filme desta vez com mais tempo e melhores condições. Em 2008 o projecto continua com aulas semanais ou bissemanais (consoante a disponibilidade das mulheres) e actualmente está a fazer-se um novo filme com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Tendo visto o filme anterior, o Padre dos Anjos disponibilizou a sala de convívio desta igreja (que se situa num dos largos com mais toxicodependentes e sem-abrigo de Lisboa, mesmo em frente da sopa dos pobres) para se projectar o filme e mostrou-se disponível para colaborações futuras. É neste contexto que no dia 8, dia da mulher, vai haver um encontro – conversa sobre A prostituição e o direito à maternidade, tema escolhido em conjunto sobre o qual ao longo do último mês se têm filmado depoimentos e histórias pessoais a apresentar. Trata-se de abordar as dificuldades que muitas mães com situações de vida complicadas enfrentam para ficarem com os seus filhos uma vez que, à falta de apoios sustentados para estas mulheres (apoios pessoais a terem em conta a história de vida de cada uma, centros de apoio a mulheres, apoio à habitação – uma vez que muitas vezes é invocada a falta de condições das casas, leis de legalização menos rígidas, leis de adopção menos complicadas...), há tendência a “fichar” as crianças à nascença (no hospital) para um seu imediato ou futuro internamento em instituições especializadas onde muitas vezes as condições de vida também não são as melhores. No grupo de 11 mulheres com que actualmente o cem em conjunto com a Obra Social das Irmãs Oblatas está a trabalhar há vários casos em que ter um filho se torna praticamente um conflito (expressão utilizada por uma das Irmãs que acompanha há já vários anos estas histórias de vida), conflito da mãe sem condições com a criança que tem de cuidar e para a qual tem de arranjar dinheiro, conflito da mãe com a situação complicada em que se encontra (familiar, psicológica, de abuso de substâncias, etc.), conflito da mãe com a polícia e as assistentes sociais mas sobretudo conflito da mãe com o medo de que lhe tirem a criança e com a sua própria impotência. Segundo as Irmãs Oblatas o importante é compreender e estar disponível em vez de rejeitar, afastar para o lado e reprimir. Para o cem - projecto Ir, trata-se de fazer em conjunto, o que até agora tem acontecido.

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