Quando em Março de 2006 o Hamas formou governo, depois de vencer as eleições palestinianas, Israel, EUA e UE impuseram um bloqueio ao povo palestiniano na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza, que deteriorou gravemente as condições de vida na região, enquanto o exército israelita foi fazendo ataques quase diários, matando e ferindo centenas de palestinianos.Quando, em Junho de 2007, o Hamas - que se recusa a legitimar a ocupação israelita do território - tomou o controlo da Faixa de Gaza, Israel foi acelerando drasticamente um criminoso cerco que atingiu o auge em Janeiro de 2008. Foi impedido o fornecimento de combustível, bens essenciais, medicamentos e até a ajuda humanitária de que dependem, para sobreviver, 1 milhão e duzentos mil habitantes de Gaza. Sem energia eléctrica nem água potável, os serviços vitais estão paralisados. Medicamentos deixaram de existir e os doentes graves que precisam de tratamentos inexistentes em Gaza, não podem ir aos hospitais de Israel, Egipto ou Jordânia. As poucas autorizações emitidas são frequentemente entregues com um atraso fatal.Na madrugada de 23, a cerca que separa o Egipto de Gaza foi furada com explosivos e centenas de milhares de palestinianos entraram em território egípcio a pé, em automóveis, camionetas e carros puxados por burros, à procura de alimentos, remédios, combustíveis.Israel afirma que está em guerra contra o Hamas devido aos ataques terroristas vindos da Faixa de Gaza contra o sul de Israel. Uri Avneri, antigo deputado da esquerda israelita, actualmente militante pacifista, comenta: “Nunca nenhum regime colonial, quando confrontado com um levantamento do povo oprimido, reconheceu o inimigo como combatente legitimo”. E explica que - tendo o chefe do governo do Hamas proposto um cessar fogo total, não só na Faixa de Gaza, mas também na Margem Ocidental - Israel não aceitou porque, utilizando os ataques como pretexto, o seu verdadeiro objectivo é quebrar os palestinianos, reforçando o cerco até que a situação se torne intolerável. Esperam assim levar a população a revoltar-se contra o Hamas e outras organizações combatentes. Para que toda a resistência palestiniana se desmorone. Com o povo palestiniano rendido, submetido à ocupação, Israel poderá fazer como entender: expropriar terras, estender colonatos, erguer muros e barragens nas estradas, desmembrar a Margem Ocidental numa série de enclaves isolados.Desde os embaixadores dos quinze membros do Conselho de Segurança (com excepção dos EUA), ao Conselho de Direitos Humanos da ONU (que afirma que as atrocidades israelitas violam as estritas proibições ao castigo colectivo contidas na Quarta Convenção de Genebra), multiplicam-se por todo o mundo as denúncias e condenações deste crime contra a humanidade cometido por Israel que transformou o pequeno e populoso território de Gaza num grande campo de concentração.Por cá, o PS aprovou no Parlamento (com os votos do PSD e do CDS) uma moção que condena os ataques de rockets sofridos por Israel. Não condena a chacina. Limita-se a pedir que «Israel evite acções de bloqueio que afectem a população de Gaza”…
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