Passados cem anos do assassínio do Rei D.carlos e do seu filho no Terreiro do Paço foram marcadas vários actos, desde celebrações políticas a actividades culturais, recheados de polémicas de revista cor-de-rosa, bem ao jeito da tradição das elites, monárquicas ou republicanas. De norte a sul, enquanto grupos anarquistas ou de alguma esquerda republicana homenageavam os Regicidas Manuel Buiça e Alfredo Costa, os monárquicos aproveitaram o número redondo da data para tentar branquear a história. Depois de uma inflamada propaganda anti-republicana, o governo irritou-se deixando de fingir que olhava para o lado e proibindo a participação do exército numa manifestação política. Nesse mesmo acto de homenagem ao rei, marcado para as 17 horas do dia 1 de Fevereiro no Terreiro do Paço em Lisboa, um grupo de Anarquistas interrompeu a cerimónia, intervindo de surpresa com uma manifestação onde se festejava o regicídio, e sarcasticamente se provocavam as intenções monárquicas. A pouca tensão registada entre a PSP e os manifestantes, não resultou em nada, visto os últimos terem conseguido conservar o material e realizar todo o percurso. Pela noite a RTP desinformou ao divulgar uma vez mais a falsa associação entre este tipo de protestos autónomos e partidos como o Bloco de Esquerda. Uma faixa aparentemente “recuperada” com simbologia deste partido terá sido o motivo para assumir este erro entretanto desmentido. Fica um relato directo publicado na Rede Libertária: "Para comemorar essa grande data da história da luta pela liberdade em Portugal, que foi o regicídio levado a cabo em 1908 por Alfredo da Costa e Manuel Buíça, e para honrar a memória daqueles que praticaram tamanho acto de libertação pagando pelo mesmo com as próprias vidas, realizou-se uma manifestação em Lisboa na tarde de 1 de Fevereiro. Pelas 17.30, enquanto se realizava uma concentração monárquica no Terreiro do Paço, cerca de 30 pessoas irromperam pela dita praça , empunhando bandeiras negras e três faixas onde se podia ler “O rei morreu. Viva o Costa”, “O rei morreu. Viva o Buíça” e “Xeque Mate”. Foram gritadas palavras de ordem como “Buíça está vivo nos nossos corações. Nem Rei. Dem Deus. Nem Pátria. Nem Patrões”, “Passaram cem anos desde o regicídio. Para os próximos governantes recomendamos o suicídio” ou “Nem República, nem Monarquia. Morte ao Estado e viva a Anarquia”. Após alguns minutos de permanência no Terreiro do Paço, como estávamos a estragar a festa de glorificação dos opressores do povo e de apagamento da memória das lutas sociais em Portugal, um grupo de polícias abordou a manifestação, dizendo que não podíamos estar ali “a provocar” e logo tratando de tentar apreender as faixas. Firmes no propósito que ali nos levava, não deixámos que nos tirassem as faixas e gritámos ainda com mais ânimo. Retirámos então em bloco do Terreiro do Paço e percorremos a Rua Augusta até ao Rosssio. Terminámos o percurso no Rossio, em frente ao Café Gelo, local de encontro e conspiração dos revolucionários de há cem anos, em frente do qual afixámos duas faixas, após o que a manifestação dispersou. O REI MORREU! VIVAM OS REGICIDAS! VIVA A LIBERDADE!" Panfleto - 1908-2008: O REI MORREU! VIVAM OS REGICIDAS! Info - Jornais da época - Hemeroteca de Lisboa Digital Info - Centenário do Regícidio - Rede Libertária
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