quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Tropa de elite acreana leva terror e violência a ocupação em Bahia Velha


Mais de 30 homens armados com metralhadoras automáticas invadiram no inicio deste mês as casas de 1.061 famílias em uma ocupação perto do bairro Bahia Velha, Acre. Pertences e pessoas foram atirados ao descampado. A tropa de elite cumpriu uma ordem de reintegração de posse expedida pelo juiz Luiz Vitório Camolez, que reconheceu a propriedade da área para a família de Otília Alves de Souza e 13 herdeiros. Vários lotes, porém, já haviam sido vendidos por alguns herdeiros, mas mesmo assim a determinação judicial exigiu a desocupação imediata das terras. Houve resistência dos moradores e muita violência. Uma pessoa foi presa, quatro ficaram feridas sem gravidade e houve ameaças de morte.
Funcionários da Imobiliária Ipê, que teria comprado lotes na região de um dos herdeiros, também ajudaram na demolição dos barracos. Os ocupantes protestaram e foram agredidos pela "tropa de choque". "É um absurdo o que está acontecendo, eles fazem isso porque nós somos pobres e não temos como nos defender; de manhã, quando a polícia chegou, um dos agentes me deu uma 'gravata' e me atirou no chão, me deixando sem ar.", reclama Deuzirene Araújo, presidente da associação de moradores criada exatamente para tentar resolver o assunto pacificamente, na negociação com os herdeiros. Segundo ela própria, os proprietários se negaram a negociar diretamente com os posseiros, preferiram que a negociação fosse feita com a Imobiliária Ipê. A área em questão tem cerca de 65 hectares e está ocupada há mais de seis meses.

Em uma ação denunciada pela associação como ilegal, o governo do Estado mandou catalogar as famílias que moram no local há mais de 10 anos, mas apenas 54 foram contempladas. De acordo com a Lei de Usucapião o direito à posse é garantido para as pessoas que moram na mesma propriedade há cinco anos. A secretária de Movimentos Sociais da prefeitura, Socorro Lima, disse que as famílias 'comprovadamente em situação de risco social' e que moravam na ocupação serão encaminhadas a programas de assistência à habitação do município. De acordo com a associação, porém, essas famílias estão sendo levadas a pensões e hospedarias de Rio Branco sem qualquer garantia ou informação acerca do pagamento do aluguel. No transporte para o 'novo lar', feito de forma brusca e improvisado em uma caçamba, vários perderam móveis e até se machucaram.

Sem comentários:

O Peixe Morcego Vulcânico Cego