terça-feira, 20 de novembro de 2007

Prepotências imperiais


Os EUA e a Inglaterra desmoralizaram o que restava de legalidade internacional ao invadir o Iraque, com pretextos que se revelaram falsos, dando razão à negativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas de autorizar­‑lhe mais essa invasão. No entanto, uma brutalidade como essa contra o direito internacional passou batida. Nem sequer uma condenação, mesmo que verbal, que tivesse um carácter moral. A guerra aboliu a diplomacia e a ONU desapareceu sob o fogo dos bombardeios.

Fortalecido pela impunidade, os EUA fomentam um ataque ao Irão, senão uma tentativa de invasão, para a qual pode não estar em condições de suportar uma terceira guerra. Israel ensaiou com um ataque à Síria, para testar a “comunidade internacional”. Nada aconteceu e pode estar­‑se a preparar uma acção de comando teleguiada pelos EUA através de Israel contra instalações nucleares iranianas. O presidente dos EUA fala abertamente no ataque, conforme a teoria dos amigos e dos inimigos. Israel já confessou que tem a bomba atómica, mas por ser aliado carnal dos EUA, o seu armamento é considerado “defensivo”, como se o que Israel faz dia e noite contra os palestinos, que têm o seu território ocupado há 4 décadas e o reconhecimento do seu direito a ter um Estado aprovado pela ONU, não fosse desrespeitado justamente pelos EUA e por Israel.

Não bastasse essas demonstrações de prepotência, os EUA insistem em se valer da presença da sede da ONU no seu território para cometer todo tipo de arbitrariedade. Já recordamos como Portinari não pôde comparecer à inauguração dos seus extraordinários painéis Guerra e Paz, por ter-lhe sido negado o visto pelo governo dos EUA [1].

Desde que Evo Morales assumiu a presidência da Bolívia, não contente com conceder refúgio no seu território para Sanchez de Losada, ex-presidente foragido da Justiça boliviana, negando-se a extraditá-lo para responder pelos seus crimes, entre outras centenas de mortos nas mobilizações populares que levaram à sua queda, ainda nega sistematicamente vistos para ministros indígenas do governo de La Paz ou procede a uma tramitação interminável do visto.

O presidente boliviano, do alto da dignidade que o seu papel de primeiro presidente indígena de um país em que 2/3 da população se reconhece como indígena, recolocou o tema da necessidade da transferência da sede da ONU para outro país. No último FSM realizado em Porto Alegre, um documento assinado por cerca de 20 intelectuais fundadores do Fórum recordava essa necessidade e, quando um jornalista perguntou a um deles para onde poderia ser transferida, a resposta foi directa: Para Hamalah, estaria melhor na Palestina.

O embaixador do império na Bolívia teve a petulância de fazer uma brincadeira com as palavras de Evo Morales, comentando que também poderiam retirar a Disneylândia dos EUA. Diante do gracejo, o presidente boliviano pediu retractação imediata, sob pena do funcionário de Washington ser declarado persona non grata e ser expulso do país.

Assim age o império, com a sua prepotência, enquanto o seu presidente é eleito por ampla maioria, no mundo todo, como o mandatário que mais representa perigo para o mundo.

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